São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Ministro é tratado de "senhor"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Clóvis Carvalho é das raras pessoas a quem o presidente Fernando Henrique Cardoso dispensa o tratamento de "senhor" no palácio, cuja rotina reserva ao ministro o primeiro e o último despacho da agenda presidencial.
É um índice da importância que o chefe da Casal Civil tem aos olhos do presidente.
Diariamente, passa pelas mãos de Carvalho tudo o que o FHC assina. Muitos dos documentos, o presidente não chega a ler -tamanha a confiança no ministro e tamanho o volume da papelada.
Chega tudo ao gabinete do chefe analisado e guardado numa pasta de couro preto com o brasão da Presidência.
Pelo menos uma vez o esquema de cega confiança deu errado.
Foi quando FHC vetou a Lei do Planejamento Familiar (nº 9.263), que permitia a esterilização voluntária de homens e mulheres com mais de 25 anos e que já tivessem pelo menos dois filhos.
A primeira-dama, Ruth Cardoso, espera desde o início do ano a votação do Congresso. Era favorável à lei e surpreendeu-se com o inesperado veto.
Esbravejou e o marido viu-se forçado a assumir publicamente que a decisão tinha sido um erro.
O presidente corrigiu a gafe pedindo ao Congresso que derrubasse seu veto.
em
No tempo do Real
Quando trabalhava com FHC no Ministério da Fazenda, durante o governo de Itamar Franco, cabia ao então secretário-executivo coordenar as reuniões preparatórias do Plano Real.
Carvalho zelava pelas idéias do chefe e já criava fama de durão -pelo menos contra os fumantes, que repreendia nas reuniões.
Pertence ainda ao patrimônio do Ministério da Fazenda um dos atuais acessórios de trabalho do ministro Carvalho.
Trata-se de quadro branco, com um mecanismo que permite imprimir cópias em papel das anotações que o ministro faz na lousa durante as reuniões em que passa em revista a operação do governo.
Reuniões que já viraram motivo de piada. Quando alguém pergunta se o colega participou da última reunião de Clóvis Carvalho, a resposta é sempre a mesma: "Se eu soubesse que era a última, teria ido para comemorar".

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