São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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PFL tenta recuperar espaço junto a Covas

Governador teve encontro com bancada

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de sacramentado o acordo que rendeu uma secretaria e seis diretorias da administração indireta ao PMDB, o PFL -antigo companheiro de aliança com os tucanos- resolveu recobrar, na semana passada, o espaço perdido no governo.
O governador Mário Covas (PSDB) dá mostras de que está disposto a passar a borracha sobre velhas desavenças. A aliança com o PMDB é prova disso.
No caso do PFL, a rusga parece ser pessoal. O partido que ajudou a elegê-lo resolveu fechar acordo com o PPB, apoiando o candidato vitorioso de Paulo Maluf para a prefeitura da cidade.
A idéia foi do presidente regional do PFL, Antônio Cabrera, que, até abril, era também secretário estadual da Agricultura. Irritado, Covas destituiu Cabrera e Antonio Duarte Nogueira, da Habitação.
Por enquanto, PFL e tucanos estão flertando, mas as conversas já começaram. Semana passada, Covas recebeu a bancada do PFL na Assembléia, para um bate-papo.
Outra conversa está marcada para quarta-feira desta semana. O que se diz na Assembléia é que o tratamento dispensado ao PMDB pelo governo aguçou o apetite do PFL, acirrando disputas internas.
A bancada tinha cinco deputados na época do apoio à eleição de Covas, hoje tem 15. "As posições mantiveram-se as mesmas. Tudo vai depender de que tipo de aceno o governo vai dar", diz o deputado Afanásio Jazadji (PFL).
O deputado afirmou que posições significam cargos, mas reiterou que a intenção do PFL não é simplesmente ocupar postos. Quer participar das decisões do governo.
"O PFL está 100% rompido com o governo", disse Cabrera à Folha. "Todos os deputados votaram pela aliança com o PPB. Qualquer reaproximação com o PSDB tem que passar pelo diretório do partido. Não fui informado de nada", afirmou.
Jazadji acha que o governador rompeu com Cabrera e não com o PFL. "Continuamos fiéis à aliança com o PSDB na Assembléia, mas queremos participar mais. O governador percebeu que Cabrera não tem votos", disse Jazadji.
Banespa
Para Covas, interessam votos. Até o final do ano quer aprovar duas peças indigestas: um Orçamento magro de verbas para investimento e o acordo da rolagem das dívidas do Estado, que passa para a União o controle acionário do Banespa.
O líder do governo na Assembléia, deputado Walter Feldman, diz-se otimista com relação à vitória do governo nas duas questões. "As conversas com o PFL são uma reaproximação. Nunca estivemos rompidos", diz o líder.
Para o deputado do PT Paulo Teixeira, a estratégia não deixa dúvidas: "Ligaram o rolo compressor, mas nós resistiremos. Não vamos aplaudir sentados a entrega do Banespa".

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