São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Treinadores evitam romance com aluno

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O envolvimento entre professores de ginástica e alunos é tabu: todo mundo sabe que acontece e tem um caso para contar, mas ninguém confessa ter passado por uma situação dessas.
A cantora Madonna, que popularizou a prática de personal training há cerca de dez anos, quando contratou Rob Parr para "esculpir" seu corpo, também ajudou a "difamar" a categoria.
No começo deste ano, Madonna declarou estar grávida de seu personal trainer atual, Carlos León. E, segundo boatos, a atriz Julia Roberts também estaria tendo um caso com o seu treinador.
Os personal trainers afirmam que esses fatos deixam a profissão com má reputação e enfatizam a seriedade de seu trabalho.
"Como no caso da Madonna, você pode se envolver com qualquer pessoa, inclusive um aluno. Mas, quando isso acontece, você tem de deixar de ser professor", diz Dudu, personal trainer.
Objeto do desejo
Como os treinadores têm o corpo perfeito, muitas vezes são bonitos e parecem não ter nenhuma preocupação na vida fora malhar, acabam virando o objeto do desejo de alunos e alunas.
"O personal tem o corpo perfeito e aparentemente não tem problemas, e elas desejam isso. Mas é uma visão exagerada. A nossa vida é dura", diz Aulus Sellmer, 33, sócio-proprietário da BPM.
Alessandra Wolff, 21, chefe de recepção da Competition Oscar Freire, diz que no momento da matrícula já percebe as "intenções" dos alunos.
"Tem uns que de cara perguntam se tem muita mulher ou homem, e em quais horários. Muitos preferem vir nos horários mais cheios para ter uma desculpa para ficar só na paquera", conta.
Outro problema são os maridos. "Criou-se um mito com a história da Madonna, que está em evidência na mídia. Há maridos que se sentem traídos, ficam desconfiados", diz Fábio Pomès, 24, personal trainer.
"Isso pode ter consequências graves", continua. "Tem mulher que não explica as coisas direito, e o marido pode dar um show, causar constrangimentos."
"Tenho medo. Já tive alunas que se apaixonaram por mim e passei por situações constrangedoras. Poderia ter saído com elas, mas acho que não devemos misturar as coisas", diz Celso Cunihiro, personal trainer.
Contrato
Segundo Cunihiro, nos Estados Unidos atualmente se faz um contrato entre o personal trainer e o aluno, de forma a evitar processos de assédio sexual.
"No contrato você tem de especificar todos os exercícios que pretende realizar, junto com a finalidade de cada um. O documento é assinado pelos dois", explica.
O personal trainer não conhece ninguém que tenha adotado o contrato no Brasil, mas se previne.
"Falo para as alunas usarem agasalho e, dependendo da posição do exercício, converso antes. Sempre peço que, caso a pessoa se sinta incomodada, avise, de forma a evitar constrangimentos", diz.
(AOA)

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