São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996 |
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Butantan diversifica produção de vacina
AURELIANO BIANCARELLI
Está sendo estudada uma vacina contra a meningite B, uma nova contra a raiva e uma segunda geração da tríplice. Até o ano 2000, o país estará produzindo em quantidade suficiente as vacinas obrigatórias -tríplice, sarampo e tuberculose. As informações são do diretor do Instituto Butantan, Isaias Raw, 69. Segundo ele, os problemas registrados com a vacina da meningite B (na região de Campinas) e a tríplice, em todo o Estado, podem provocar uma queda na vacinação. "Temos que evitar que isso ocorra", afirma. "Os pais precisam saber que, quando não se vacina, o risco é sempre maior." As vacinas tríplice DTP (contra difteria, tétano e coqueluche) que apresentaram problemas foram importadas da Suíça. Cinco crianças tiveram convulsões, e a vacina foi recolhida. Testes mostraram que havia contaminação. A vacina em uso traz a bactéria inteira da coqueluche. O Japão já produz uma vacina acelular que utiliza apenas a toxina da bactéria. A produção é pelo menos dez vezes mais cara que a da tradicional. Segundo Raw, a vacina tradicional pode causar uma convulsão em cada 500 mil aplicações. "É um número muito baixo e ninguém corre risco de vida. A vacina suíça teve um problema de controle. A pressão por uma vacina acelular parte das multinacionais, que querem vender sempre o produto de última geração e o mais caro." O Butantan produziu e testou 800 mil doses da tríplice DTP em 1995 e 4 milhões neste ano. Segundo Raw, as vacinas são testadas no Butantan e no INCQS, Instituto Nacional de Controle de Qualidade do Ministério da Saúde. Amostras de cada lote são aplicadas em ratos e camundongos. Segundo Raw, a produção de vacinas pelo Butantan foi aprovada por técnicos da Organização Mundial da Saúde no mês passado. "Fomos aprovados em todas as condições exigidas pelos EUA e Canadá. Para a Europa, ainda há algumas exigências a cumprir." A vacina tríplice acelular também será produzida pelo Butantan para ser aplicada em crianças com algum histórico de convulsão. Segundo Raw, a vacina contra a hepatite B já foi testada em Araraquara (SP) e obteve melhores resultados que a americana. O preço de US$ 10 por dose, cobrado pelas multinacionais, já caiu para US$ 2. Uma vacina contra a meningite B será testada este ano. "O Brasil já gastou US$ 300 milhões com uma vacina cubana que ainda não apresentou resultado", afirma. Texto Anterior: Pitta treinou para maratona Próximo Texto: Instituição quer parceiro no Mercosul Índice |
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