São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Médicos discordam quanto a resultados

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há consenso entre os médicos sobre os riscos e benefícios da melatonina e do indutor de hormônios DHEA. Quanto ao hormônio de crescimento e à testosterona, os médicos concordam que há mais perigos que vantagens.
Uma parte dos profissionais -especialmente aqueles ligados às faculdades de medicina- prefere tratar a melatonina e o DHEA com precaução. Alguns condenam totalmente seu uso, outros limitam a prescrição a poucos, com rígido acompanhamento médico.
Na outra ponta estão médicos que não só receitam, como eles próprios tomam essas drogas.
As duas partes condenam a venda dos hormônios sem receita médica, como acontece nos EUA e vem ocorrendo no Brasil.
"É como tomar um avião sem saber para onde estamos indo", parafraseia Norton Sayeg, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. O céu de brigadeiro da decolagem pode se transformar em tormenta.
Para o médico, ainda estão faltando pesquisas, que devem ser estimuladas. "Mas o uso dessas drogas nós não incentivamos."
João Toniollo, diretor científico da sociedade e do comitê de geriatria da Associação Paulista de Medicina (APM), diz que essa posição até pode ser mudada mais tarde.
"Por enquanto, não há estudos suficientemente longos para utilizarmos essas drogas de forma indiscriminada", diz.
Dando e tomando
O diretor das clínicas Ana Aslan, Eduardo Gomes de Azevedo, 45, diz que vem tomando e receitando o DHEA desde junho de 1995. Nessa data, a Academia de Ciências de Nova York -da qual ele diz fazer parte- teria estabelecido as formas de uso da droga.
Segundo Azevedo, o DHEA é um hormônio "marcador do envelhecimento". Começa a ser produzido pelo organismo aos 7 anos e tem seu pico na adolescência. A partir daí, a produção cai 2% ao ano.
Geriatra especializado no serviço da professora romena Ana Aslan, Azevedo diz que o DHEA combate a osteoporose e previne doenças.
José de Felippe Júnior, da Sociedade Brasileira de Medicina Biomolecular, também receita o DHEA e a melatonina há anos e toma as drogas há seis meses.
"Bem usados, eles não trazem riscos."
Felippe e Azevedo ressaltam a necessidade de dosar o DHEA no sangue para avaliar as reposições necessárias. Ele só deve ser prescrito quando está em falta no organismo, afirmam.
Os dois médicos discordam quanto à utilidade da melatonina. Felippe diz que tomou a droga por ser um potente oxidante, que protege o DNA da célula. "Não serve para dormir."
Azevedo usou a melanina por causa do sono leve e curto. "Hoje durmo de sete a oito horas", diz.

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