São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Vire o ano com orçamento sob controle

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Fim de ano é sinônimo de festa e mais dinheiro no bolso, via 13º salário, ingredientes propícios a descontroles nas contas pessoais.
É nessa época, alertam especialistas, que o consumidor precisa ficar mais atento ao seu orçamento. Passado o reveillon, pode vir ressaca para o bolso de muita gente.
"O próximo ano será mais duro do que 96", prevê Paulo Possas, da PJ Possas Gestão de Patrimônio. "É hora de poupar o máximo que puder", aconselha.
Para ele, o mercado de trabalho ficará cada vez mais exigente, e só profissionais especializados estarão a salvo de "perder o emprego para um chinês ou um cearense".
Possas se refere aos efeitos da globalização e à descentralização industrial no país. O desemprego é mais agudo em São Paulo.
Mas a opção pelo investimento, evitando torrar tudo em consumo, não é indicada só como "seguro" contra eventual perda de emprego.
O momento é adequado às aplicações porque os juros continuam atraentes, apesar da queda das taxas nominais. Há 50 anos a inflação não se mostra tão comportada.
Como a CPMF, o novo "imposto do cheque", deve vigorar a partir de 23 de janeiro, por 13 meses, o investidor deve aproveitar esse final de ano para planejar e realocar as aplicações, sugere Renato Lázaro, superintendente de investimentos do BFB.
"Os juros estão em queda gradual, e devem continuar caindo. As taxas de um mês podem ser consideradas baixas, mas, anualizadas, são significativas", afirma Eduardo Santalucia, gerente de investimentos do Sudameris.
Pico de despesas
O consumidor também deve levar em conta que o período janeiro/março em geral é marcado por despesas inadiáveis, como pagamento de IPVA, IPTU e, para quem tem filhos menores, mensalidade e material escolares.
Sem um bom fluxo de caixa, o Ano Novo pode significar o ponto de inflexão para a inadimplência.
Para o consultor Miguel José Ribeiro de Oliveira, mais vale a pena poupar para comprar à vista mais tarde do que entrar num crediário.
Hoje, o juro mais baixo no comércio é de 4% ao mês, que equivalem a 60% ao ano. A média está em 6,5%, ou 112,9% ao ano.
Para comparar: economistas da Fipe esperam inflação abaixo de 10% já para 96 e, para 97, 5%.
Reajustes salariais na data-base anual nem sequer chegam a 10%.
No crediário de lojas são comuns prazos de 24 meses. Isso significa que no Natal de 97 o consumidor ainda estará pagando por um bem comprado agora.

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