São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Branco é rubro-negro

JUCA KFOURI

Amanhã tem eleição no Flamengo, o mais querido.
Kleber Leite comanda uma chapa única e o obstáculo à sua reeleição é a campanha pelo voto em branco que, se vencedora, obrigará a convocação de novo pleito.
Dificilmente o voto em branco prevalecerá, embora venha sendo apoiado, aberta ou veladamente, por alguns dos principais cardeais da Gávea.
Kleber Leite, que estava acuado, deu mais um golpe de mestre naquela que é a sua especialidade, o marketing.
Contratou a dupla Júnior e Leandro para dirigir o time, dispensando o técnico Joel Santana, que lhe deu o único título razoavelmente importante em dois anos de gestão, o de campeão carioca.
É inegável que o currículo de Joel Santana como treinador é mais rico que o de Júnior, embora a identidade do ex-lateral da seleção com o coração rubro-negro seja automática.
É curioso observar, porém, como até as pessoas mais conscientes são presa fácil de lances puramente promocionais.
Marketing por marketing, o Flamengo foi o campeão mundial nos últimos tempos, basta ver o interminável vaivém de Romário e Bebeto.
Não satisfeito, o presidente do Flamengo acena agora com a possibilidade de trazer Ronaldinho no primeiro ano do século 21 e, surpresa!, o próprio craque colaborou para tal fantasia na entrevista que deu via satélite por ocasião do lançamento da nova camisa da seleção.
Verdade que os empresários de Ronaldinho são os únicos que frequentam a Gávea sem restrições de qualquer ordem, razão pela qual participaram da simulação com o atleta em público para, privadamente, dizerem que a hipótese de Ronaldinho vestir a sagrada camisa rubro-negra é nenhuma -principalmente agora que estão renovando o contrato dele com o Barcelona e dobrando o valor da multa rescisória. Mas o que vale é o marketing, e o marketing está perfeito.
Pena que o Mengo não assuma o papel que lhe caberia, o de comandar a revolução de que o nosso futebol precisa.
Ao contrário, a nova vitória de Kleber Leite, mesmo enfraquecido, seria uma nova vitória do mesmo esquema que infelicita o futebol brasileiro.
*
Temendo privilégios e vazamentos, a Nike não mostrou para ninguém, nem na CBF, a nova camisa da seleção brasileira. Isso é que é confiar no "sócio".

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