São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Livres e Iguais" emperra na Idade da Pedra

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

O texto de "Livres e Iguais", de Perito Monteiro, baseia-se em adaptação de Ruth Rocha e Otávio Roth da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tema difícil de ser levado ao palco em forma narrativa.
O espetáculo tem a direção de Neyde Veneziano e um acabamento impecável. O enredo traz quatro pessoas na Idade da Pedra que moram em diferentes territórios aprendendo a se relacionar.
Aparece em cena um baú com objetos do presente -tênis, escova de dentes, bolsa, desodorante- e um livro que elas vão explorar e passar a conhecer os direitos humanos.
A iluminação (Antonio Bezerra) funciona, ajudando a criar ambientações e climas corretos de surpresa.
Como se trata de humanos descobrindo fatos novos, o elemento surpresa é importante.
Cenários e figurinos, de Fábio Namatame, tem ótimas soluções de material e uso do espaço.
A direção de "Livres e Iguais" optou pela imaginação ao restringir a trama ao período à Idade da Pedra, tempo tão remoto que tudo soa como fictício.
Fica difícil portanto partir para situações de verossimilhança, por exemplo, em situações de comunicação pré-verbal, como acontece em alguns momentos da peça.
Os atores, ainda que talentosos, fazem essa comunicação soar ingênua, criando sotaques dispensáveis, como a imitação de um norte-americano falando.
Ou muitas vezes balbuciam ou fazem mímica com uma excitação exagerada, o que não combina com o tempo quase lendário -e lento- em que estão vivendo.
O modo como os atores começam a se expressar com palavras é brusco -vão do balbucio, da tentativa de fala, à cartilha, lendo frases no livro como "a pata nada" ou "a vaca voa"-, o que não combina com a declaração.
Brusca também é a passagem para a leitura dos direitos da criança, que entram na história sem maiores esclarecimentos.

Peça: Livres e Iguais
Direção: Neyde Veneziano
Com: Alessandra San Martin, Sérgio Módena, Donizeti Mazonas e Renata Caianni
Onde: Auditório Alceu Amoroso Lima (r. da Consolação, 2.341, tel. 258-2959)
Quando: sábados e domingos, às 16h, até 28 de dezembro
Quanto: R$ 10

Texto Anterior: EDVAR MUNCH (1863-1944)
Próximo Texto: Toquinho abre o Verão 97 do Sesc
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.