São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Bebida se confunde com clandestinidade

CELSO PINTO
DO ENVIADO ESPECIAL AO REINO UNIDO

Quem acha que Al Capone inovou ao ganhar dinheiro contrabandeando uísque está enganado. A história do uísque na Escócia envolve 200 anos de contrabando e ilegalidade.
O uísque começou a ser feito no final do século 13, nas fazendas da Escócia, não como um negócio e sim como uma operação caseira.
Em 1644, contudo, o Parlamento Escocês, precisando de dinheiro para sustentar o Exército, criou uma taxa pesada sobre a fabricação do uísque.
Os escoceses jamais se conformaram com a decisão, e a produção ilegal e o contrabando dominaram os dois séculos seguintes, com sua habitual rede de disputas entre gangues, suborno e hábeis expedientes. Alguns historiadores calculam que metade da população escocesa chegou a se envolver, de uma forma ou de outra, no negócio ilegal do uísque.
Finalmente, em 1823, o Parlamento decidiu passar outra lei, com taxas mais razoáveis e licenças mais baratas de operação.
Foi quando começou a existir o setor oficial do uísque e a crescer como negócio.
O contrabando, contudo, existia até o início deste século na Escócia. Em inúmeros outros países, a combinação entre impostos altos e demanda insatisfeita abriu enormes brechas para o contrabando.
No Brasil, alguns calculam que o uísque trazido do Paraguai e o comprado nas lojas livres de impostos dos aeroportos chegaram a representar 80% do consumo até recentemente. Hoje, representaria algo em torno de 60% do total.

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