São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996 |
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Amar é um verbo feliz
INÁCIO ARAUJO
Uma editora que lê seu livro formula várias hipóteses a respeito de sua personalidade: maníaco, obsessivo, doente. Poderia ser tudo isso, não fosse este um filme de François Truffaut, portanto irremediavelmente otimista e contrário à noção de patologia. O que encanta em Bertrand é a absoluta impossibilidade de analisá-lo. Ele não ama uma categoria de mulheres, como a maior parte dos mortais. Ele simplesmente não pode se conter diante do feminino, de sua variedade, do caráter múltiplo de seus encantos. Bertrand não é o que se pode chamar de um conquistador -embora seja sedutor do primeiro ao último fotograma. Não é movido por alguma sede de conquistas. Ele aspira ao conhecimento de um mistério que parece tão maior que ele. Mas esse mistério -o do feminino- não é diferente de qualquer outra forma de conhecimento. Desdobra-se, mostra sempre face inesperada, desconcerta. A busca de Bertrand é infinita, embora nunca angustiante. Cada mulher encarna, no seu entender, a beleza. Mas, no caso, as partes e o todo se igualam, mas não se equivalem: cada mulher encerra em si a perfeição, mas nenhuma possui toda a perfeição. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Coleção traz filmes de Nelson Pereira Índice |
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