São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Escola trouxe razão aos sentidos
MARCELO REZENDE
Por meio das telas de Willen de Kooning, Joan Mitchell ou Cy Twombly, prega que, ao menos em um curto período de tempo na história, a arte produzida na Europa deu lugar às invenções de um grupo de jovens norte-americanos ainda virgens de certas convenções estéticas. Como o texto de apresentação de "Pintura Estadunidense - Expressionismo Abstracto" afirma, é o instante em que Paris sai do cenário para que Nova York entre. Apesar da afirmação, a primeira intenção de Robert Littman foi pagar uma dívida histórica. Mostrar aos mexicanos que a invenção pode ter sido americana, mas o que possibilitou o surgimento da escola foi, ainda, o talento e as experimentações vindos da Europa. Casos exemplares dessa "imigração de estilos artísticos" ocorrida durante -ou após- as duas guerras mundiais (quando vários artistas deixaram seus países em fuga) são o russo Mark Rothko e o alemão Hans Hofman, que transformaram e tiveram suas heranças culturais transformadas nos EUA. Aos talentos de Wyomming, Texas ou Baltimore restou a mistura. Ao cubismo e ao surrealismo se somaram a tradição dos muralistas mexicanos e as pinturas paisagísticas, uma tradição americana. O resultado foi uma avalanche de cores. E intenções. Ao mesmo tempo em que Jackson Pollock (1912-1956) exprimia o que pensava -ou sentia- sobre o mundo e as paisagens de sua terra, acenando que o expressionismo abstrato era arte do sentimento que jorrava diretamente para a tela, o crítico Clement Greenberg (1909-1994), uma espécie de patrono, pensava o assunto de forma ampliada. Em Greenberg, o expressionismo abstrato é a arte da razão, por um motivo extremamente simples. É com ela que a América sai de seu sonho infantil, em que um quadro é apenas um documento ou uma peça de decoração, e passa para a idade adulta. Sentimento há. Já o sentimentalismo pareceu finalmente ter sido deixado para trás. (MR) Exposição: Expressionismo Abstracto Onde: Centro Cultural/Arte Contemporáneo, (Cidade do México) Quando: até 12 de janeiro Texto Anterior: Internacional Próximo Texto: Sexo e amor com déficit na balança comercial Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |