São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Ação de FHC barra criação da nova CPI do Orçamento

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso entrou ontem em campo para acabar com a nova CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Orçamento antes mesmo de ela ser criada.
O líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), conseguiu ontem a retirada de assinatura de sete senadores.
Assinaram o requerimento de retirada de assinatura os senadores Lúdio Coelho (PSDB-MS), Geraldo Mello (PSDB-RN), Regina Assunção (PTB-MG), José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), Francisco Scórcio (PFL-MA), Ney Suassuna (PMDB-PB) e Lucídio Portella (PPB-PI).
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) havia conseguido a assinatura de 213 deputados e de 29 senadores. Os apoios mínimos exigidos pela Constituição eram 171 na Câmara e 27 no Senado. A CPI seria criada após a leitura do requerimento em plenário.
Temor
O governo Fernando Henrique Cardoso temia que a CPI paralisasse os trabalhos do Congresso e inviabilizasse a aprovação da emenda da reeleição em janeiro. Alguns senadores receberam telefonemas do Palácio do Planalto.
Alvares começou a trabalhar na tarde de anteontem. Fez circular um requerimento de retirada de assinaturas entre os parlamentares governistas que haviam apoiado a criação da CPI.
Miro entregou as suas listas com assinaturas de deputados e senadores ao presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), às 15h de ontem. Alvares entregou no final da tarde a lista com a retirada de assinaturas.
Sarney já havia alertado Miro Teixeira que, se recebesse a lista com as desistências, o requerimento com o pedido de CPI não seria lido em plenário.
O requerimento do deputado pedetista pedia a investigação da denúncia de corrupção passiva na Comissão do Orçamento em decorrência do caso Pedrinho Abrão (leia texto abaixo).
Os senadores que retiraram o apoio à CPI disseram que atenderam a um pedido do líder do governo. "Foi o Elcio que me pediu. Com a comissão de sindicância da Câmara, não há necessidade de CPI. Estão só em busca de espetáculo", disse Mello.
"Atendemos a um apelo do líder do governo. Ele argumentou que a questão era pessoal. Quando verificamos do que se tratava, retiramos a assinatura", afirmou Regina Assunção.
Alvares argumentou junto aos colegas que o senador Júlio Campos (PFL-MT), que recolheu 21 das assinaturas, estava numa disputa pessoal com o relator do Orçamento, Carlos Bezerra (PMDB-MT), seu adversário no Estado.
Questão ética
O argumento não foi aceito pelo senador Carlos Wilson (PSDB-PE). Ele estava num grupo de senadores quando recebeu o pedido do líder do governo. "Não peçam a mim. Não retiro assinatura", respondeu o senador.
Wilson recebeu uma ligação do Palácio do Planalto, mas não atendeu ao apelo. "Antes de ser governo, sou senador. Represento o meu Estado. Não é uma questão partidária ou de governo. É uma questão ética. E ética não tem partido", disse.

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