São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Traduções; Reforma agrária; Mau exemplo; Cuba; Descaso; Licenciatura; Iluminados; TV Cultura; Boas festas

Traduções
"Cumprimento a Folha pelo espaço amplo reservado à poesia. Aproveito para discordar das avaliações do grande, mesmo, poeta Ferreira Gullar a respeito das traduções de poesia russa, feitas por Boris Schnaiderman e Haroldo de Campos (Mais! de 8/12).
De meu ponto de vista, essas traduções são referência viva e representam abertura de qualidade e horizontes -ainda tão fechados aqui, no Brasil, onde a liberdade de opinião, na área cultural, ainda não foi restaurada, imperando censura e 'oligarquias' de todas as espécies."
Régis Bonvicino, poeta (São Paulo, SP)

Reforma agrária
"No editorial de 4/12 a Folha acusa o MST de efetuar ações de caráter exclusivamente político e de estar preso a práticas ilegais.
Ao mesmo tempo, defende o governo, quando este diz que responderá às invasões com a lei que impede desapropriações nas áreas invadidas.
Aproveita para defender a medida provisória sobre o ITR, como se fosse a grande sacada para definitivamente realizar a reforma agrária no Brasil.
Se a Folha fosse buscar mais informações a respeito da MP sobre o ITR, iria descobrir, por exemplo, que a MP propõe um aumento de alíquota infinitamente maior para os pequenos produtores do que para os grandes.
Aquilo que o editorial define como ações ilegais do MST responde, hoje, pela democratização de 6 milhões de hectares, pelo assentamento de mais de 150 mil famílias de trabalhadores e pela criação de mais de 600 mil empregos.
A defesa das iniciativas do governo para com a reforma agrária não seria tão veemente se a Folha procurasse informar-se melhor. Poderia comprovar que a propaganda que o governo faz de ter assentado neste ano 60 mil famílias é um blefe.
Parte considerável do que o governo considera assentamento não passa de distribuição de títulos para famílias assentadas há muitos anos. O número de assentamentos novos é inferior a 13 mil famílias."
Rogério Sottili, assessor da Secretaria Agrária Nacional do PT (São Paulo, SP)

Mau exemplo
"Que exemplo jornais como a Folha dão à sociedade ao publicar foto de meia primeira página de um pobre bandido morto?
Coitado do bandido? Que romântico ser bandido, que belo ser bandido? Bandido é bandido, e precisa ser retirado do convívio com a sociedade."
Roberto Nonato (São Paulo, SP)

Cuba
"Gostaria de registrar o meu repúdio em relação ao desrespeito manifestado pelo sr. Josias de Souza em seu artigo de 9/12.
Ao citar os cubanos que 'fogem às pencas', os milhões que permanecem lutando em Cuba contra o injusto bloqueio imposto ao povo cubano são ignorados.
Os jovens, chamados ironicamente de ociosos, talvez compreendam o verdadeiro sentido da solidariedade.
O que cheira a naftalina é a mentalidade desse senhor. 'Devoção jucunda' é o que Josias sente por alguns 'caraminguás'."
Maria do Carmo Luiz Caldas Leite (Santos, SP)
*
"Meus cumprimentos ao jornalista Josias de Souza pelo excelente artigo publicado na edição de 9/12.
Esses 'jovens ideólogos' que desejam ir a Cuba apanhar laranjas, pagando ainda R$ 958, por certo estão se candidatando a uma futura 'aposentadoria excepcional' tão docilmente deferida pelas honestas autoridades (INSS)."
Rui Pinheiro Silva (Fortaleza, CE)

Descaso
"Pensei que a arte fosse um conceito desprezível, tal o descaso com que a Folha tratou um dos mais importantes acontecimentos cinematográficos que este país já viu: a mais completa mostra dos filmes de Bergman que se realizou no Rio entre 22/11 e 10/12.
O que leva um caderno de cultura do maior jornal do país a ignorar um evento desses? Fiquei pensando que talvez não haja nenhum profissional capaz de dar conta dessa tarefa no jornal.
Se o jornal, contudo, não consegue dar conta do recado, que, pelo menos, desempenhe o seu papel corretamente: informe o seu leitor. É pedir demais ou só a concorrência é capaz de fazer?"
Antonio Carlos Gonçalves (São Paulo, SP)

Licenciatura
"Manifestamos nossa perplexidade com o pronunciamento do ministro da Educação em reportagem de 11/12, na qual 'Ministro propõe fim de licenciatura'.
Tal proposta demonstra claramente a desinformação do ministro acerca do papel das licenciaturas para alavancar a educação em nosso país e da própria formação do licenciado."
Olga Lúcia C. de Freitas Firkowski e Nilce Nazareno de Caetano, da Universidade Federal do Paraná (Curitiba, PR)

Iluminados
"Leitor assíduo da coluna do ombudsman, ao ler a do dia 8/12, e particularmente após a alusão feita ao senador Ronaldo Cunha Lima, fui tomado pela seguinte dúvida: o que seria mais condenável em um político, roubar dinheiro público ou atirar num antigo desafeto político, transformado em inimigo pessoal?
Enquanto o tiro mataria uma pessoa e arruinaria a outra, o roubo do dinheiro público só recentemente matou mais de cem recém-nascidos.
No entanto, essas mortes anunciadas escandalizam menos os iluminados daí do que os tiros dados aqui.
Bem sei que, segundo o ponto de vista do ombudsman, Ronaldo não foi eleito senador pelas suas qualidades morais, nem elegeu seu filho Cássio prefeito de Campina Grande (pela 2ª vez) ou Cícero Lucena em João Pessoa (tudo depois dos tiros) pela competência demonstrada pelos seus pares.
Com certeza foi devido à distribuição de um prato de comida ali, um par de chinelos aqui, uma dentadura acolá, não foi mesmo? Afinal, ainda segundo a coluna, as últimas eleições apenas comprovaram, mais uma vez, nossa indigência. Nem poderia ser diferente. Somos paraibanos."
Ivson Miranda dos Anjos (Campina Grande, PB)

Resposta do jornalista Marcelo Leite - A carta distorce o teor da coluna, que nem mesmo se referiu à Paraíba. Entre a corrupção, a agressão e a tentativa de homicídio, fico com nenhuma das três.

TV Cultura
"Gostaria de parabenizar este conceituado jornal por ter dado a oportunidade ao professor Emir Sader de defender a TV Cultura em artigo publicado na edição do dia 5/12.
Que o sr. Mário Covas, ao impor a 'ditadura do ajuste fiscal' na TV Cultura, faça-o também na cozinha e dependências do Palácio dos Bandeirantes."
Marcelo Bragato (Presidente Prudente, SP)

Boas festas
A Folha agradece e retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Erli Rodrigues, diretor regional América Latina, Dílson Verçosa Jr., diretor de vendas Brasil e Paraguai, Felipe Adaime, diretor financeiro Brasil, e José Roberto M. Trinca, gerente de vendas São Paulo e Sul do Brasil da American Airlines (São Paulo, SP); João Sá, da Odebrecht S.A. (Salvador, BA); Companhia Siderúrgica Nacional (Rio de Janeiro, RJ).

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