São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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O tempo fechou

VALDO CRUZ

Brasília - Há 15 dias, Fernando Henrique Cardoso e sua equipe eram só sorrisos. Acreditavam que a emenda da reeleição estava aprovada.
O otimismo se baseava no seguinte:
1 - o prefeito Paulo Maluf saiu derrotado dentro do seu partido ao não conseguir obrigar seus parlamentares a votar contra a reeleição.
2 - depois de algumas costuras nos bastidores, a turma de FHC imaginava ter conciliado o PMDB e o PFL na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), saiu da briga, deixando livre o caminho para o PMDB na Câmara. No Senado, o governo estava seguro de que o PMDB aceitaria a proposta de um ministério para dar a vitória a Antonio Carlos Magalhães.
3 - FHC começou a buscar pessoalmente os votos para a emenda. A bancada do PFL de Minas ficou encantada com o almoço que teve com ele.
Agora, o quadro mudou.
O PTB está em pé de guerra com o governo, depois que seu líder, Pedrinho Abrão, foi acusado pelo ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente) de tentar cobrar comissão da Andrade Gutierrez. Estão em jogo 25 votos.
Outro partido aliado, mas nem tanto, também está irritado com o governo. O PPB busca o responsável pela lista com as dívidas de deputados do partido no Banco do Brasil.
E a sucessão no Senado, que parecia estar encaminhada, esquentou. Iris Rezende (PMDB-GO) recusou o convite para o Ministério dos Transportes e pode rachar a base governista, disputando o cargo com ACM.
Isso já se refletiu na Câmara. O candidato do PMDB, Michel Temer (SP), não quer tratar de reeleição antes de garantir sua eleição. E Inocêncio Oliveira pode recuar e lançar sua candidatura.
Os governistas fingem não ver que nuvens negras se aproximam. Continuam dizendo-se otimistas. Mais prudentes, alguns caciques no Congresso avisam que o tempo está fechando. As trovoadas podem empurrar a votação da emenda de janeiro para março.

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