São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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Renovação brasileira não chega a Cuba

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A HAVANA

A mais recente geração de realizadores brasileiros está fora do páreo na corrida pelo prêmio principal do 18º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana.
A razão não é falta de qualidade -pelo contrário. O motivo é mais prosaico: simplesmente não chegaram a Havana as cópias dos filmes de Tata Amaral ("Um Céu de Estrelas"), Monique Gardenberg ("Jenipapo") e Goulart, Cecílio Neto, Torero e Furtado ("Felicidade É").
O Brasil teve, assim, sua participação na disputa mais importante reduzida de dez para sete filmes. A coordenação da feitura de novas cópias, com legendas em espanhol, e do envio destas ao festival coube ao CTAv-Funarte (Centro Técnico Audiovisual).
O responsável pelo centro, Sérgio Sanz, disse que os dois primeiros ausentes haviam tido sua expedição assumida pela Riofilme e o terceiro teria tido atrasada sua volta de um evento no Peru.
Fato é que "Tieta do Agreste", de Carlos Diegues, que jamais pretendeu representar a renovação do cinema brasileiro, e sim seu relançamento em bases comerciais mais sólidas, acabou por se estabelecer como o cartão de visitas da falada "retomada" da produção. Uma projeção extra de "Tieta" confirmou a boa acolhida de público.
O diário do festival dedicou ao filme um artigo de capa entitulado "Tieta, Cravo e Canela". Luciano Castillo escreve que "por certo não estamos diante de um título com a transcendência de 'Bye Bye Brasil' ou a ressonância épica de 'Quilombo"'. "Mas", prossegue, "Diegues consegue essa rara mescla de cinema e literatura".
"Tieta" posiciona-se, assim, entre os favoritos, sobretudo no que toca às interpretações, com Sonia Braga e, principalmente, Marília Pera acumulando elogios.
O Coral de melhor filme, contudo, tem três concorrentes mais fortes: o mexicano "Profundo Carmesi", de Arturo Ripstein, e os argentinos "Buenos Aires Vice Versa", de Alejandro Agresti, e "Despabílate Amor", de Eliseo Subiela.
A nova geração de cineastas brasileiros acabou mais uma vez restrita a imperar na disputa de curtas-metragens.
Na categoria de ficção, o Brasil teve 25 dos 62 concorrentes. A Folha apurou que "A Alma do Negócio", paródia do cinema publicitário assinada por José Roberto Torero, é forte candidato ao prêmio.
O júri para os filmes de ficção é presidido por Rubens de Falco (ator, Brasil) e conta com Jorge Fons (diretor, México), Marcelo Piñeyro (diretor, Argentina), Fernando Rodriguez (crítico, Venezuela) e Gerardo Chijona (diretor, Cuba).
A cineasta brasileira Helena Solberg ("Carmen Miranda") preside o júri de documentários.

O crítico Amir Labaki está em Havana a convite da organização do festival.

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