São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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A perseguição que se vive

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Existe uma diferença palpável entre ver um filme de perseguição e, estando numa avenida, sentir a presença de dois carros, um atrás do outro.
No primeiro caso, o espectador é introduzido a uma situação dramática e convidado a partilhar as emoções dos envolvidos.
O segundo apanha o sujeito de supetão. Ele está fora da louca escapada, mas a situação o apanha do mesmo jeito. Não por um processo de identificação com uma das partes (perseguidos e perseguidores), mas pelo perigo que realmente o ronda nesse momento: um dos carros pode bater no seu, ou perder a direção e atropelar o passante etc.
O estranho, o estimulante de "Viver e Morrer em Los Angeles" (TNT, 22h) é ser um desses raros filmes que trabalham com a segunda ordem de emoções.
Não estamos dentro do drama. Estamos ao lado. Somos apanhados por ele como o passante. O perigo não vem do clássico processo de identificação entre espectador e personagem, e sim da capacidade do filme para reconstituir um tempo e um espaço reais.
Esse filme "ao vivo" de William Friedkin passou quase em branco nos cinemas. Uma injustiça que a TV pode bem ajudar a suprimir.
(IA)

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