São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Construção civil foi a maior doadora de SP

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas relacionadas à construção civil foram as maiores financiadoras da campanha para a Prefeitura de São Paulo em 1996.
A quantia corresponde a 22,75% de todo o dinheiro declarado por PPB, PT, PSDB, PDT e PMDB à Justiça Eleitoral.
A Folha relacionou as doações superiores a R$ 10 mil recebidas pelos cinco primeiros colocados na disputa paulistana.
Desses 170 contribuintes, 43 (25,29%) atuam direta ou indiretamente na construção civil.
A maior doação vem da CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras), do grupo Odebrecht, que deu R$ 510 mil para a campanha de Celso Pitta (PPB).
PSDB
Entre os candidatos, José Serra (PSDB) aparece como o preferido pelo setor. O tucano foi o escolhido por 20 das 43 empresas da área que contribuíram com a eleição.
Pitta foi o segundo na preferência das construtoras. Recebeu R$ 1.936.948 de 15 firmas. Além da CBPO, destacam-se a Guedes Engenharia e a Paviter Serviços Ambientais, do grupo OAS, com doações de R$ 300 mil cada uma.
Maior contribuinte da campanha pepebista, a CBPO também foi responsável pela obra mais cara da administração Maluf. Encarregada de mais da metade do projeto do túnel Ayrton Senna, a empresa recebeu R$ 400,4 milhões dos R$ 728 milhões pagos pela obra.
Bancos
Os bancos são os próximos na lista dos maiores contribuintes da eleição. O investimento do setor foi de R$ 1.625.150. Assim como no caso das empresas da construção civil, Serra foi também o maior beneficiado pelos banqueiros.
O PSDB arrecadou R$ 1,4 milhão do setor. Ou seja, dos R$ 8.306.523,45 recebidos pela campanha tucana, 16,85% vieram de bancos. A Focom Fomento Com. Ltda., que pertence ao Itaú, foi a maior contribuinte de Serra, com R$ 500 mil. Além dessa quantia, o PSDB recebeu ainda R$ 250 mil do próprio banco.
Quando Serra foi eleito senador, em 1994, os bancos também foram seus maiores contribuintes com R$ 381 mil -20,05% do R$ 1,9 milhão arrecadado.
O Itaú também contribuiu com R$ 30 mil para a campanha de Pitta, a segunda na preferência dos banqueiros. O pepebista recebeu, ao todo, R$ 130 mil do setor.
Erundina vem logo a seguir, com R$ 80.150 -R$ 70 mil, só do Itaú.
Rossi é o último da lista, com uma doação de R$ 15 mil do Banco Mercantil de Descontos.
Material
Depois dos bancos, o terceiro maior ramo de atividade a colaborar na campanha foi o das indústrias de papel. Na maioria das vezes, as doações foram feitas em material, e seus valores, estimados em dinheiro. Ao todo, os cinco principais candidatos receberam cerca de R$ 1,55 milhão do setor.
As empresas da área pertencentes ao grupo Votorantim aparecem como as maiores contribuintes entre os fabricantes de papel, fazendo doações a quase todos os candidatos -à exceção do pedetista Francisco Rossi. No geral, elas contribuíram com R$ 447.995,59.
A maior doação da empresa foi para Erundina, do PT. A candidata foi beneficiada com R$ 127.922,75.
O único a receber doações em dinheiro do grupo Votorantim foi Pitta -dois cheques, um de R$ 100 mil e outro de R$ 50 mil.
A Klabin Fábrica de Papel e Celulose, que fez contribuições à campanha de Serra e Erundina, gastou R$ 285.253,01 com a eleição.
O tucano recebeu a maior parte desses recursos -R$ 272.845,23, entre os quais, R$ 50 mil em dinheiro. Erundina ficou com R$ 12.407,78. Um dos sócios da empresa é o suplente de Serra no Senado, Pedro Piva (PSDB-SP). Se Serra fosse eleito prefeito, Piva assumiria a vaga do partido.

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