São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Maior financiador reclama de assédio

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior doadora da campanha para a prefeitura paulistana foi uma família que contribuiu com R$ 900 mil para a candidatura de Celso Pitta (PPB).
As doações -de R$ 300 mil cada uma- foram feitas por intermédio de três distribuidoras de veículos registradas em nome de membros da família Salerno.
"Isso me criou mais problemas do que amizades. Já avisei o Jorge Yunes (responsável pelo comitê financeiro do PPB) para que, na próxima eleição, esqueçam de mim", disse Antônio Miguel Salerno, patriarca da família.
Salerno disse que as doações lhe trouxeram problemas.
"Fiz tanta campanha e nunca deu tanta confusão. A turma está pensando que eu vou tirar uma lasquinha da prefeitura."
O empresário afirmou que suas empresas não mantêm relações comerciais com o município.
"Não temos nada com a prefeitura. Não vendemos nem compramos nada do Maluf. Nem conheço o prefeito", declarou.
As companhias Salerno que contribuíram com a campanha de Pitta não estão no cadastro de firmas que prestam serviço direto à Prefeitura de São Paulo, segundo apurou a Folha. O registro não inclui empresas que fazem parte da administração indireta.
Salerno disse que já contribuiu com as campanhas do governador Mário Covas, do senador José Serra (ambos do PSDB) e de deputados de "outros partidos".
Eleitor de Fernando Collor e Covas, afirmou que contribuiu com o PPB porque foi procurado "várias vezes" pelo partido.
"Votei no Pitta. Na outra eleição (92), votei em branco porque não voto na Erundina (PT)."
O empresário disse ter sido alvo de queixas de candidatos que não receberam dinheiro de suas firmas e também de "membros do terceiro escalão do governo do Estado e da prefeitura". "Na próxima campanha, vou ter de viajar. Não dá para ajudar todo mundo."
Salerno afirmou que suas doações foram feitas em parcelas. "Não podia sobrecarregar minha empresa." Mas no documento entregue pelo PPB ao TRE as contribuições dos Salerno aparecem como tendo sido feitas todas no dia 24 de setembro, em cheques de R$ 300 mil.

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