São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Estoque alto corta juros e amplia prazos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria eletroeletrônica começa a dar mais prazo de pagamento para os lojistas e até a cortar os juros na véspera do Natal.
"Dois vendedores de duas grandes empresas acabaram de me oferecer prazo de pagamento de 180 dias, sem a incidência de juros", diz Girsz Aronson, proprietário da rede de lojas que leva seu nome.
Ele conta que os fornecedores estão superflexíveis nas negociações neste momento, mas a empresa dele já comprou produto até demais para o Natal.
"O Papai Noel ainda não passou pelas minhas lojas", diz ele. Na sua rede de estabelecimentos, os que se localizam fora dos shopping centers estão com as vendas ainda mais fracas, avalia o lojista.
"Se o consumo continuar no ritmo em que está vamos virar o ano bem estocados."
A indústria, conta ele, também informa que está estocada e por isso deixou de cobrar juros de 2% a 3% ao mês nas vendas financiadas.
Luiza Helena Trajano Rodrigues, diretora do Magazine Luiza, diz que os prazos de pagamento oferecidos pelos fornecedores aumentaram um pouco neste mês -chegam a 210 dias. Os juros caíram de 2,5% para 1,5% a 2% ao mês.
Ela afirma que uma redução no consumo, especialmente no de televisores, começou a ser verificada a partir de novembro. "Mas ainda assim nunca se vendeu tanta TV no Brasil como neste ano."
Para ela, é possível que haja oferta nos preços desses aparelhos neste mês, dependendo de quanto a indústria vai conseguir desovar para o Natal.
Se o ritmo de vendas continuar como está atualmente em suas lojas, diz Luiza Helena, a indústria vai conseguir vender as sobras.
A previsão do Magazine Luiza para este mês é faturar 28% mais do que em igual mês do ano passado. Em volume, a venda deve crescer 20% no período.
Na Lojas Cem, a venda neste mês já está 48% maior do que a de igual período de novembro e 32% maior do que a de igual período de 1995.
Natale Dalla Vecchia, diretor, diz que mesmo assim a empresa já tem mercadorias para comercializar até a primeira quinzena de janeiro de 1997, como já havia previsto.
Na Lojas Bernasconi, o faturamento cresceu ainda mais neste início de dezembro -50% mais do que em novembro e 30% mais do que em igual período de 1995.
Vitório Bernasconi, diretor, diz que a linha de sofás e móveis em geral está indo bem e há sobras na linha de televisores.
SPC e Telecheque
O número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), que mede as vendas a prazo, cresceu 30% nos primeiros 12 dias deste mês na comparação com igual período do ano passado e 18,8% sobre igual período de novembro.
O número de consultas ao Telecheque subiu 2,8% e 15,7%, respectivamente, nesses períodos, diz a Associação Comercial.

LEIA MAIS sobre comércio nas págs. 2-10 e 2-11

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