São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alta da gasolina aumenta gás da Petrobrás

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Má notícia para os consumidores, o aumento nos preços dos combustíveis, a partir de amanhã, está sendo comemorado pelos investidores em ações da Petrobrás.
A alta dos preços irá variar de 10% a 22% no caso da gasolina e do álcool e de 8,8% a 18% no óleo diesel, conforme a região. Para a estatal do petróleo, os aumentos representam um reforço mensal de caixa expressivo, da ordem de R$ 170 milhões.
A boa notícia é que a redução dos subsídios na venda de combustíveis melhora a gestão financeira da Petrobrás. Mas os analistas de investimento ainda não tinham certeza, na sexta-feira, se as medidas terão impacto direto sobre os lucros da companhia.
Como a Petrobrás tem um complexo modelo de controle de receitas e despesas, com fundos de subsídios ao álcool e ao transporte de combustíveis, a escolha da porta de entrada dos aumentos poderá influir diretamente em seus resultados, aumentando lucros, ou indiretamente, reduzindo déficits em contas como o FUP -o Frete de Uniformização de Preços.
"Ainda não ficou claro qual será o tamanho do impacto dos aumentos no lucro da Petrobrás. Mas o cenário é positivo para empresa como um todo", afirma Luís André Sá d'Oliveira, analista do Banco Bozano, Simonsen.
Ele é um dos que recomendam a compra de Petrobrás PN (preferenciais, sem direito a voto) e ON (ordinárias, com direito a voto). Ambas tiveram uma valorização invejável neste ano: 91,11% e 162,3%, respectivamente, até sexta-feira passada, segundo a Economática. No mesmo período, o Ibovespa, termômetro das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, cresceu 55,39%.
No acumulado deste mês, enquanto o Ibovespa variou míseros 0,2% -acompanhando a retração das Bolsas internacionais, na semana passada-, a blue-chip Petrobrás PN valorizou-se 7%, atingindo a cotação de R$ 152 por lote de mil na sexta-feira.
Cautela
Mas nem todo mundo aposta suas fichas na ação, apesar do gás fornecido pelo aumento de preços e pela descoberta de um poço gigante de petróleo na Bacia de Campos, anunciada pela Petrobrás no final de novembro. No clube dos que não recomendam o papel está o Unibanco.
"Do ponto de vista técnico, há fatores imprevisíveis no balanço da Petrobrás. Ainda há muitas coisas internas para a empresa resolver, como a questão da conta-petróleo", diz Julius Buchenrode, diretor do Unibanco.
A conta-petróleo citada pelo executivo é a rubrica para onde vai o prejuízo que a Petrobrás tem ao comprar petróleo no exterior e vender combustíveis no país a preços subsidiados. Estima-se que a estatal tenha cerca de R$ 7 bilhões a receber do governo federal por conta dessa política.
Neste final de ano, o governo cancelou o pagamento previsto de R$ 1,7 bilhão, por motivos orçamentários. O Bozano prevê que o problema será resolvido com a emissão de títulos (securitização) sobre essa dívida.
Lucros
"A longo prazo, as perspectivas são animadoras. O governo está eliminando gradualmente os subsídios dos combustíveis, o que aumentará a competitividade da empresa", diz d'Oliveira.

E-mail: papeis@uol.com.br

Texto Anterior: Descolados correm para os shoppings
Próximo Texto: Empresa pode investir mais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.