São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Sangue azul

JUCA KFOURI

O Olímpico é um oceano azul banhado pela mais bela luz deste país, o sol que se põe na capital gaúcha.
Tudo pronto para fazer a nau lusitana afundar em alto mar.
O primeiro torpedo vem do comandante Paulo Nunes, nem bem a batalha havia começado. O artilheiro não estava mesmo ali por acaso.
A intranquilidade toma conta da tripulação do Canindé, que acusa o golpe e bate cabeça, o que era natural.
O capitão Capitão, mais que uma redundância, um herói, berra com César. Ave, César, que susto!
"Grêmiôôô, Grêmiôôô", o grito de guerra inunda o palco do combate.
Ave, Caio, quase! Danrlei defende o indefensável.
O menino Rodrigo vira gigante, a Lusa cresce.
Por todos os lados, os gremistas atacam, atacam e atacam.
As escaramuças se sucedem em cada convés, como não convém mas é inevitável.
Clêmer salva a pátria-mãe novamente.
O mais argentino dos times brasileiros, que seria campeão até na Alemanha, tem dois paraguaios para ajudar a evitar que o toque africano rubro-verde faça o vira que vale o troféu.
O mundo da bola gira eletrizante no sul do Brasil.
Navegar é preciso, viver não é preciso. O arqueiro Clêmer sobe. E desce. E sobe.
Caía a noite. Era hora de ajustar as bússolas. Estava tudo justo e nada resolvido. Piscava a segunda estrela mosqueteira. E a primeira portuguesa.
Batalha reiniciada, os piratas aparecem de preto e amarelo. Uma bandeira mal içada impede que a vela lusa infle em direção à meta adversária, na arrancada de Rodrigo.
A luta é por cada palmo de espaço. Emerson pela esquerda, Zé Alcino pela direita, o segundo míssil ronda o casco português.
Rodrigo perde chance, o Grêmio perde o grande Rivarola, o que, para quem já não tinha Adílson, não é pouca coisa.
"Grêmiôôô, Grêmiôôô", a massa queria jogar.
Os piratas reaparecem, agora contra o Grêmio, que busca força sabe-se lá de onde, tão visível é o desgaste de sua gente.
Aí, Aílton, sangue novo, nobre, fulmina sem piedade e inunda o porto de alegria.
Justa alegria, Grêmio grande campeão.
E porque tudo vale a pena se a alma não é pequena, a Lusa é uma enorme vice-campeã.

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