São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Notáveis faltam à apresentação de 'Bacantes'

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os esforços do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho e do deputado federal (PV-RJ) Fernando Gabeira para reunir os amigos do teatro Oficina na sexta-feira, 13 de dezembro, não surtiram efeitos.
Entre as presenças confirmadas que não compareceram estão o deputado federal José Genoíno (PT-SP), a atriz Bete Coelho e o escritor e compositor Jorge Mautner.
Os integrantes do Uzyna Uzona, companhia do teatro Oficina, do diretor Zé Celso Martinez Corrêa, apresentaram o espetáculo "Bacantes" na sexta-feira para lançar a Aato (Associação dos Amigos do Teatro Oficina). O objetivo era "quebrar o isolamento do Oficina", segundo Gabeira, que também é colunista da Folha.
A idéia não emplacou nem para os organizadores. Tanto Fleury, que foi acompanhado da mulher, Ika, quanto Gabeira saíram do teatro após o primeiro ato. "Bacantes" tem três atos.
"Havíamos combinado de assistir apenas o primeiro ato porque a peça é muito longa", afirmou Fleury, na saída. "Mas deu para ver que é um espetáculo alegre. Espero que as pessoas possam aderir à Aato", disse o ex-governador.
A apresentação teve duração de quatro horas e meia.
Entre os notáveis que compareceram estavam os atores Renato Borghi, João Signorelli e Christiane Tricerri. "Queria não precisar vir ao teatro em solidariedade. O trabalho de Zé Celso é muito bonito e tem que continuar", afirmou Signorelli, que foi convidado a entrar no palco durante vários momentos da peça, incluindo um em que uma das bacantes ofereceu o peito para que ele mamasse.
Renato Borghi disse que o teatro Oficina deve receber mais atenção da Secretaria da Cultura no próximo ano. "A Secretaria pretende fazer de 97 o ano do teatro", disse.
Borghi participou, com outros representantes da classe teatral, de uma reunião na última sexta-feira com o secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça.
"Desta vez foi dito formalmente que haverá um apoio ao Oficina. Agora existe um comprometimento do Estado com Zé Celso e com a classe teatral", afirmou o ator.
Christiane Tricerri, que também compareceu ao espetáculo, afirmou que não se surpreende que o Oficina não esteja recebendo atenção. "O Brasil está vivendo um momento estranho. Existe uma banalização da morte e da violência. As pessoas ficam em casa assistindo na TV notícias de que mulheres cortam o pênis do marido e se divertem mais com isso do que indo ao teatro", disse.
Tricerri foi uma das pessoas que disputou um espaço no livro de registro da Aato. "Assinei de ponta cabeça porque tinha muita gente esperando para assinar", disse.
O diretor teatral Marco Antonio Brás também foi à apresentação. "O teatro de São Paulo vive uma crise tão grande que da minha companhia de 40 atores, apenas cinco vieram aqui", afirmou.
Apesar da falta de notáveis, o Oficina contou com seu público habitual, que praticamente lotou os 350 lugares do teatro.

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