São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Festival registra transição

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A HAVANA

0 18º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana, encerrado na madrugada de sábado, foi um evento de transição. Em muitos sentidos.
Transição de gerações, em primeiro lugar. A falta de maiores surpresas no festival como um todo, e na competição de longas ficcionais em particular, tem por símbolo maior a vitória anunciada desde sempre do mexicano "Profundo Carmesi", melodrama policial de Arturo Ripstein.
Não se pode minimizar o impacto da ausência de três dos filmes de estreantes brasileiros ("A Felicidade É", "Jenipapo" e "Um Céu de Estrelas").
Transição organizacional também. O símbolo aqui foi a bela vinheta do festival, projetada no início de cada sessão.
O outrora todo-poderoso ICAIC (Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos) manteve o privilégio de principal mantenedor, mas foi seguido por extensa lista de apoios, que esticavam o filmeto a quase cinco minutos.
O festival de Havana assume aos poucos maior autonomia frente ao Estado cubano.
A ampliação dessa independência é fator fundamental para seu futuro.
Igual importância tem a manutenção de seu prestígio internacional, também em momento de transição.
Havana é ainda o melhor endereço para se ter uma visão geral da produção latina, expressa pelo imponente programa de mais de 300 títulos.
Contudo, progressivamente o festival tem assumido o perfil mais de um grande balanço da safra anual do que de um endereço para grandes descobertas.
O resultado já nesta edição foi uma sensível redução na presença de observadores europeus de prestígio, entre os mais de 900 credenciados.
Apesar das ausências e atrasos que reduziram o universo premiável, o cinema brasileiro saiu-se muito bem, com oito prêmios de destaque (um dos três Corais para documentário foi para "Brevíssima História das Gentes de Santos", de André Klotzel).
A produção nacional recuperou espaço, marcando a mais forte presença nas edições de Havana nesta década.
"Tieta do Agreste", de Carlos Diegues, foi um dos sucessos de público do festival, ganhando até projeção extra.

O crítico AMIR LABAKI esteve em Havana à convite da organização do festival

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