São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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O morto que caminha

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O que dizer do editor de um guia turístico que detesta viajar? Que talvez ele na verdade deteste viver. É mais ou menos essa a idéia de Kathleen Turner, a mulher do editor William Hurt, que o abandona sem maior cerimônia.
É mais ou menos essa, também, a idéia de "O Turista Acidental" (Warner, 0h), o filme de Lawrence Kasdan feito em 1988 e que rivaliza, em melancolia, com "O Reencontro".
Mas "O Reencontro" trabalhava sobre um lapso de tempo e uma ausência: um grupo de amigos reunia-se, depois de muitos anos e de uma guerra no meio (a do Vietnã), por ocasião da morte de um deles.
No "Turista Acidental", ao contrário, Hurt experimenta uma espécie de morte em vida. Ao menos até que encontre outra mulher, Geena Davis.
Melancolia não é o sentimento que melhor define outro belo programa de hoje, "Dois Destinos" (TNT, 18h).
O filme de Valerio Zurlini já foi descrito como o mais triste do mundo. Não está longe disso. Mas isso não significa que o espectador vá absorver este sentimento, ao ver o filme.
Ao contrário: até se partilha a tristeza, mas o que prevalece é a euforia, que vem de sua capacidade de mostrar como raras vezes o amor fraterno, representado ali por Marcello Mastroianni e Jacques Perrin, cada um melhor que o outro.
(IA)

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