São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Tanzânia expulsa 300 mil ruandeses

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Expulsos pelo Exército da Tanzânia, cerca de 300 mil ruandeses deixavam os campos de refugiados e caminhavam ontem de volta a seu país.
Armados de pedaços e pau e cassetetes, os militares tanzanianos entraram no campo de Benaco por volta de meio-dia (hora local, 6h em Brasília) e ordenaram que os hutus se dirigissem ao posto de fronteira de Rusomo.
No fim da tarde, cerca de 5.000 pessoas passavam por hora pela fronteira. É a segunda grande onda de retorno de refugiados hutus a Ruanda desde a guerra civil de 1994, vencida pela guerrilha tutsi.
Há um mês, mais de 500 mil ruandeses que estavam no Zaire começaram a voltar quando radicais hutus que impediam o retorno de centenas de milhares foram expulsos dos campos de refugiados.
A Tanzânia havia fixado 31 de dezembro como data limite para a saída dos mais de 540 mil refugiados no país.
Testemunhas na região de fronteira disseram que a fila de pessoas ocupava 14 dos 17 km da estrada que separa o campo de Benaco -o maior da Tanzânia- de Rusomo.
Durante toda a madrugada e pela manhã, já estavam chegando os refugiados dos outros três grandes campos de refugiados: Lukole, Mushuhura e Lumasi.
Caminhões de agências de ajuda humanitária aguardavam a chegada dos refugiados do lado ruandês da fronteira, com postos para distribuição de água e comida e atendimento médico.
O presidente de Ruanda, Pasteur Bizimungu, esteve região para receber os refugiados.
A maior parte dos refugiados que foram para a Tanzânia vem da região leste de Ruanda e deve voltar para casa caminhando. Havia caminhões para levar aqueles que vieram de áreas mais distantes.
Intimidação
Na semana passada, com a aproximação do prazo fixado pela Tanzânia, os radicais forçaram os refugiados a fugir para o interior do país, mas foram impedidos pelos militares.
Para autoridades da ONU, a ação do Exército acabou com a campanha de intimidação dos hutus radicais que mantinha os refugiados no exílio.
Antes da vitória militar tutsi, muitos dos radicais haviam participado do massacre de cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados.
Além de ameaçar os refugiados, eles diziam que aqueles que voltassem seriam mortos pelo novo governo tutsi.

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