São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Música brasileira povoa campo argentino

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Visto de cima, o estádio de futebol se compara a um imenso alto-falante: redondo, pulsante e sonoro. É um estéreo perfeito, garantido por três horas pelos coros dos torcedores argentinos. As rivalidades e os gols tratam de equalizar os clássicos.
Não há como negar. O futebol platino precisa tanto da torcida ruidosa e do papel picado quanto de seus craques passados, presentes e futuros: Moreno, Pedernera, Di Stéfano, Kempes, Maradona ou Batistuta, Ortega e os que virão.
O brasileiro que assistir a uma partida do futebol argentino vai escutar músicas familiares vindas das arquibancadas.
"Maria, Maria", "Mamãe Eu Quero" e até o axé-music "Madagascar" ganharam versões em castelhano para incentivar os esportistas locais.
"Cidade Maravilhosa", por exemplo, deixa sua função de louvar o Rio de Janeiro e empresta sua melodia como fundo musical para os insultos ao árbitro.
A assimilação é tamanha que um dos mais tradicionais cânticos do Boca Juniors utiliza a canção "Moça", de Wando, como base.
Cada torcida tem aproximadamente 40 cânticos, mais da metade é comum às outras. A mania argentina extrapolou suas fronteiras e se fez popular no Chile, no Paraguai e no Uruguai, onde os torcedores reproduzem o repertório criado pelos vizinhos.
Além da MPB, a música mexicana, o rock local e os cânticos das torcidas européias ganham espaço entre os seguidores argentinos. E permanece o hino peronista, criado na década de 1940. A canção, composta para homenagear o presidente Juan Domingo Perón, perde a carga política e ganha um sentido esportivo.
Por outro lado, o hino dos clubes, quando há, é totalmente ignorado pela torcida.
Como chegar
A melhor forma de chegar aos estádios de Buenos Aires é de táxi. A corrida do centro até a Bombonera, campo do Boca, sai por US$ 4. Para o Monumental, do River Plate, a viagem custará US$ 8.
Andar de táxi é barato, mas fique sempre atento aos taxistas.
Ir de ônibus custa US$ 0,60 e algumas consultas pelo caminho. Os dispostos a uma pequena caminhada também podem chegar de metrô: a estação mais próxima da Bombonera é Constitución.
A geral, chamada pelos argentinos de "popular", custa US$ 10. As cadeiras, "platea", saem entre US$ 30 e US$ 40. Os camarotes, "palco", custam US$ 60.
É proibida a venda de bebida alcoólica no estádio, mas há oferta nas proximidades.
A lata de refrigerante custa US$ 1 fora e US$ 2 dentro do estádio.
Os estádios com melhor visibilidade são os do Boca, do Racing e do Vélez. O pior, do Independiente. Para os clássicos, o conselho é comprar antecipadamente os ingressos nas sedes dos clubes.
Recebem a denominação de clássicos os jogos entre os cinco mais tradicionais times do país: Boca, River, Independiente, Racing e San Lorenzo. O Vélez, com seu sucesso nos anos 90, se soma a eles.
Para os jogos da seleção argentina, a venda começa duas semanas antes da partida.

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