São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996 |
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'Dogueiros' motorizados criam associação
ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
Centenas de vans adaptadas para vender cachorro-quente tomaram a cidade no último mês. Como a maioria dos vendedores em vans não tem licença da prefeitura, é difícil fazer uma estimativa de quantas circulam pela cidade. Os "dogueiros" falam em 500 peruas. Só a empresa Lemos Britto vendeu 50 peruas Towner adaptadas para cachorro-quente desde novembro. "E já tenho 1.500 pessoas cadastradas, aguardando o novo modelo que vamos lançar em janeiro", diz Clélia Iwaki, 31, coordenadora do projeto de veículos utilitários e novos negócios da Lemos Britto. Desemprego Um dos motivos da explosão do comércio de cachorros-quentes é o desemprego. Muitos vendedores são pessoas de classe média baixa que, após perder o emprego, usaram a poupança para comprar uma perua. "Tenho 56 anos, e não tem mais trabalho para mim. Tinha um pouco de dinheiro e investi no carro", conta o mecânico desempregado Walter Gonçalves, que trabalha como "dogueiro" há 20 dias. A história de Marcelo Magalhães, 36, é parecida. "Trabalhava no departamento de compras de uma metalúrgica. Quando fui demitido, comprei uma lanchonete, e depois, o carro", diz Magalhães, na rua há dois meses. Mesmo dizendo que "dá para tirar um dinheiro", Magalhães prefere o trabalho formal. "Prefiro sentar atrás de uma mesa, mas está difícil. Estou mandando o meu currículo", afirma. Também é comum ver mulheres "dogueiras", que vendem cachorro-quente para complementar a renda familiar. "Minha mulher estava encostada, desempregada há dois anos, então achei uma boa idéia", diz o vendedor de automóveis Mauro Fambrini, 38, que comprou uma perua há uma semana. João Batista Gomes dos Reis, gerente de frigorífico, concorda: "Tenho um bom emprego, mas tinha dinheiro guardado, e apliquei em um carro há um mês. Minha mulher cuida porque isso é coisa para mulher", diz. Legalização A principal finalidade da associação é legalizar a situação dos "dogueiros". É unânime a opinião de que é impossível continuar trabalhando irregularmente. "Estou trabalhando na porrada. Nunca tive que correr de ninguém, e agora fico tendo que aguentar fiscal mal-educado. Não dá", desabafa Gonçalves. Os "dogueiros" afirmam que, fora acabar com o problema da fiscalização e das multas, a regulamentação da categoria permitiria a discussão do direito ao ponto-de-venda. LEIA MAIS sobre a venda de cachorro-quente na pág. 2-10 Texto Anterior: McDonald's quer atrair os pais Próximo Texto: Vendedora se divide entre a rua e hospitais Índice |
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