São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Situação dos reféns é precária em Lima

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo peruano ignorou pedidos para restabelecer o fornecimento de água e eletricidade na casa do embaixador japonês em Lima.
As condições dos reféns mantidos pelos guerrilheiros do Tupac Amaru são bastente preocupantes.
A polícia chegou a impedir que funcionários da Cruz Vermelha levassem lanternas para a residência durante a noite de anteontem. O combustível usado para alimentar o gerador da casa acabou.
Os telefones celulares de toda a região da casa não funcionam, no que parece ser parte de uma estratégia das autoridades peruanas para cansar os sequestradores.
A casa foi invadida por um grupo de até 25 guerrilheiros, na noite da última terça-feira, durante uma festa em homenagem ao imperador Akihito, do Japão.
Antes da libertação dos 225 reféns, ontem, a Cruz Vermelha informara que havia 370 pessoas sob o poder da guerrilha, entre elas diplomatas, incluindo o embaixador japonês em Lima, Morihisa Aoki, ministros de Estado peruanos, o presidente da Corte Suprema de Justiça e Pedro Fujimori, irmão do presidente Alberto Fujimori.
Entre os reféns, estava o embaixador do Brasil no país, Carlos Coutinho
Reféns que foram libertados contaram histórias que ilustram a precariedade da situação.
Epidemia
Os banheiros estão imundos e os reféns estão dormindo amontoados na casa de oito cômodos, normalmente habitada por seis pessoas. Um médico peruano disse que há risco de uma epidemia de cólera.
Todos estão usando a mesma roupa desde terça-feira da semana passada, sob calor e umidade.
O embaixador do Japão em Lima disse por rádio anteontem que vários reféns estão "seriamente doentes". Mediadores que entraram na casa, porém, dizem que os problemas de saúde, principalmente diarréia, ainda não apresentam gravidade.
Os reféns enviam mensagens e têm colocado placas pedindo o reestabelecimento dos serviços básicos. Eles afirmam que a pressão do governo acaba atingindo-os muito mais do que aos sequestradores.
Segundo um jornal peruano, as rações de comida dadas diariamente aos reféns valem US$ 1,50 por pessoa.
Reféns libertados afirmam que os sequestrados passam a maior parte do tempo jogando jogos levados pela Cruz Vermelha, lendo revistas e livros e debatendo política com os sequestradores. Todos eles dizem estar sendo bem tratados. Não há notícia de violência física ou verbal.

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