São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Lampreia diz que Brasil não pode ajudar

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) disse que o Brasil não pode ajudar "em nada" o governo do Peru na solução do sequestro dos embaixadores.
Ontem, às 18h30, Lampreia recebeu na Base Aérea de Brasília Carlos Coutinho Perez, embaixador brasileiro no Peru. Perez foi um dos 350 reféns aprisionados pelo MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru), durante festa na embaixada japonesa na última terça-feira.
Perez foi libertado pelo MRTA na sexta-feira. O embaixador se encontra hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"A única coisa que o governo brasileiro pode fazer é dar uma palavra positiva, de paz. Isso (o sequestro) diz respeito ao Peru", afirmou Lampreia.
Perez disse que nunca se cogitou a participação de embaixadores estrangeiros na mediação entre guerrilheiros e governo peruano. "Não cabia a nós interferir na política interna do Peru."
O embaixador afirmou desconhecer o teor da mensagem do MRTA que levou ao governo do Peru, no momento da libertação.
Estertor
Para Perez, o sequestro é o "estertor" (último suspiro de um moribundo) do MRTA. "O movimento está praticamente extinto, mas faz uma última tentativa de ganhar publicidade."
O embaixador disse que sentiu medo de morrer várias vezes, mas não houve atos de violência dos guerrilheiros. "Medo faz parte."
Segundo ele, apesar do clima de tensão, as pessoas mantiveram a tranquilidade. Perez afirmou que ficou "confinado" num quarto com 45 pessoas.
"Por sorte, havia um psicólogo, e os terroristas permitiram que ele visitasse os quartos, fazendo palestras", disse o embaixador.
"A maior dificuldade é encontrar o que fazer", completou. Ele disse que a Cruz Vermelha levou jogos de xadrez para os embaixadores tomados como reféns.
Perez disse que ficou com a impressão de que os guerrilheiros querem dialogar.
O embaixador se hospedou em Brasília na casa de um amigo. Ele deveria falar ontem pelo telefone com FHC.

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