São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Leia a íntegra do discurso

A seguir, a íntegra da mensagem que o presidente do Peru, Alberto Fujimori, transmitiu ao país no sábado.
Há quatro dias, como todos sabemos, centenas de cidadãos peruanos e estrangeiros se encontram confinados, na qualidade de reféns, na residência do embaixador japonês, o que constitui um repudiável atentado contra a liberdade, a saúde e a vida de pessoas inocentes.
Ainda que pareça incrível esse ato de terror e violência flagrante dos direitos humanos, o denominado MRTA, o mesmo que desde a década passada vem semeando a destruição e a morte no Peru, e cujos mais caracterizados representantes são Víctor Polay Campos, Peter Cárdenas Schultz, Lucero Cumpa, entre outros, pretende iniciar um diálogo que conduza a um acordo de paz.
Ou melhor, pretendem um diálogo colocando um fuzil AKM na nuca dos reféns.
Meu governo não está disposto a aceitar que a força e a violação de um comando terrorista possa se impor sobre 23 milhões de pessoas, que rechaçam esses métodos, que não são nem civilizados nem políticos. Tampouco que com essas tomadas de reféns se reproduzam, magnificados, os famosos cárceres do povo, de tão dolorosa recordação.
Não se pode falar de paz nem de acordo, enquanto se utiliza o terror como principal argumento.
Desde o início desses lamentáveis sucedidos, o governo pôs em marcha uma estratégia de emergência, que não foi divulgada, por óbvias razões, com o objetivo que evitar derramamento de sangue.
No contexto dessa tragédia, meu governo não pleiteou soluções de força, por conseguinte não afastou o diálogo, como ficou demonstrado com a designação do ministro Domingo Palermo como interlocutor. Nosso interlocutor, com a mediação do representante da Cruz Vermelha, conseguiu a libertação de 38 reféns.
É, por demais, de todo claro, que a libertação de quem cometeu assassinatos e atos terroristas é inaceitável nos termos das leis peruanas vigentes e por critérios da segurança nacional.
Sem embargo, meu governo não atribui sua responsabilidade na busca de uma saída com a mais clara disposição para atuar com sentido humanitário e procurar que esse problema se supere pela via pacífica, isto é, chegar a uma saída que não ofenda os direitos humanos, nem reféns, nem capturadores.
Minha proposta é concreta: que os capturadores deponham suas armas ante uma comissão de responsáveis e que facilitem a saída de todos os reféns, sem exceção. Dessa maneira, também estará descartada a possibilidade de uso de força por parte do Estado peruano, com toda garantia, uma saída que se possa estudar.
Essa é a proposta do meu governo, meu compromisso pessoal ante o país e a comunidade internacional. E não posso senão esperar um desenlace que reflita o sentido de respeito à vida de pessoas inocentes.

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