São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 1996 |
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Falta de sala de aula preocupa
DO ENVIADO ESPECIAL O número de crianças com menos de 12 anos entre os trabalhadores rurais ligados ao MST -48% do total- cria um grave problema: não há escolas para educar todos.Só na região do Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado de São Paulo), 900 famílias foram assentadas ou chegaram a acampamentos em 1996. Nos locais onde se encontram os sem-terra, há apenas 12 salas de aula, todas de 1ª a 4ª série. "Mesmo que os pais queiram enviar os filhos à escola -e muitos não querem-, o acesso é muito difícil", lamenta o delegado de ensino de sete cidades do Pontal, Sebastião Canevari. Alguns pais não enviam os filhos às aulas para aproveitá-los no trabalho agrícola. "Esse aproveitamento da mão-de-obra infantil já está obrigando a Justiça a mandar pais para a cadeia", diz Canevari. O assentado Osmar Alves do Rego, 34, tem cinco filhos. A mais velha, com 12 anos, não estuda para ajudar a mãe em casa. "Temos de contar com a criançada", diz Osmar. Para tentar atender à demanda que surgiu ao longo do ano, o governo estadual pretende construir três escolas em fazendas locais, com 30 salas de aula, que terão turnos separados. A divisão das aulas em turnos revoluciona o ensino na região, já que atualmente as aulas para crianças são dadas a alunos de 1ª a 4ª séries na mesma sala e no mesmo horário. Prioridade Para Diolinda Alves de Souza, mulher de José Rainha Jr. e líder do movimento em São Paulo, a questão educacional é uma prioridade do MST. "Já fizemos vários pedidos ao governo estadual para implantação de escolas", diz ela. A afinidade dos jovens com a reforma agrária também preocupa a direção do MST. Neste ano, o movimento promoveu pelo menos dois eventos dirigidos a esse público: um rodeio no Pontal do Paranapanema e as Olimpíadas da Reforma Agrária, que reuniu 1.200 atletas sem terra em julho. Texto Anterior: Por dentro dos assentamentos Próximo Texto: Jovem deixa MST para estudar Índice |
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