São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 1996 |
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Greve argentina pode ter baixa adesão
RODRIGO BERTOLOTTO
Ao contrário das duas últimas paralisações, a atual foi decidida de último momento, com menos de uma semana entre o anúncio e o dia de protesto. Para o governo, os trabalhadores não estão muito informados da greve de hoje. "Segundo nosso levantamento, a greve terá baixo nível de adesão", disse o presidente argentino, Carlos Menem, após classificá-la de "turística". Por seu lado, a CGT (Confederação Geral do Trabalho) conseguiu que os sindicatos dos motoristas, ferroviários, metroviários e aeroviários se somassem ao protesto, apesar de não terem recebido uma notificação por escrito da greve. A CGT conseguiu até o apoio por parte das centrais sindicais opositoras, a CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos) e o MTA (Movimento dos Trabalhadores Argentinos). Essas centrais aderiram, mas não deixaram de lado as críticas à CGT. "Não estamos de acordo com os métodos da CGT. Apoiamos a greve, porém, para dar um tapa na soberba do presidente", disse Victor de Gennaro, líder da CTA. "Essa greve começou deseperadamente", disse Hugo Moyano, líder dos caminhoneiros que, mesmo sendo opositor à CGT, se juntou à medida de força da maior central sindical argentina. Sem protesto público A sexta greve geral enfrentada por Menem foi decidida na última sexta-feira, dois dias depois que o governo encerrou as conversações com os sindicatos sobre as novas leis trabalhistas. Na sequência, Menem assinou três decretos que descentralizaram as negociações salariais e abriram à livre concorrência no próximo ano os planos de saúde dos trabalhadores, que são administrados pelos sindicatos há 40 anos. O presidente ameaçou ainda editar novos decretos, que estabeleceriam, entre outras coisas, o fim do fundo de garantia para os novos contratos de trabalho. Isso foi a gota d'água para a chamada "greve com sidra", terceira e última paralisação do ano, marcada para o dia seguinte ao Natal. Dessa vez não estão programados protestos em praça pública, como aconteceram nas greves anteriores. Os maiores níveis de adesão devem acontecer na Grande Buenos Aires e no interior do país, região que mais sofre com a recessão e os cortes nos gastos públicos. Os vôos das empresas Aerolineas Argentinas e Austral não partiram, mas o trabalho nos aeroportos deve ser normal. O comércio e os bancos serão os setores menos afetados pela greve. Texto Anterior: Funcionários passam Natal na Cobrasma Próximo Texto: Grupo prevê crescimento de 19% nas exportações Índice |
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