São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 1996
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Nova geração invade produção local

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 96 cresceu o número de filmes brasileiros nas telas, mas seu público diminuiu. Foi também o ano em que o Brasil voltou à festa do Oscar, graças à indicação de "O Quatrilho", de Fábio Barreto, para melhor filme estrangeiro.
Foram lançados 19 longas-metragens nacionais, oito a mais que em 95. Mas não houve nenhum fenômeno de bilheteria comparável a "Carlota Joaquina" (1,2 milhão de espectadores) ou "O Quatrilho" (1,1 milhão). O filme de maior público do ano, "Tieta do Agreste", de Cacá Diegues, não chegou aos 600 mil ingressos vendidos.
Para José Carlos Avellar, diretor da distribuidora Riofilme, que lançou 12 longas, a ausência de um "blockbuster" nacional é resultado de uma equação óbvia: aumentou o número de filmes e diminuiu o público do cinema em geral (queda de 25% em relação a 95).
"Com isso, o público do cinema brasileiro -que se manteve na faixa dos 4,5% do público geral de cinema no país- se pulverizou em um número maior de opções."
Em 97, as opções serão ainda mais numerosas. Calcula-se que entrarão em cartaz entre 25 e 30 novos longas nacionais.
Para Adhemar de Oliveira, diretor do Espaço Unibanco -sala tradicionalmente lançadora de filmes nacionais-, 97 não deverá ser "nem tão ruim como 96, nem tão bom como 95", em termos de público. Para ele, estão previstos uns "quatro ou cinco títulos" que podem obter êxito de bilheteria.
Cita "Ed Mort" (Alain Fresnot), "O Que É Isso, Companheiro?" (Bruno Barreto), "Pequeno Dicionário Amoroso" (Sandra Werneck) e "O Homem Nu" (Hugo Carvana). Com exceção do filme de Barreto, todos são comédias.
O público parece estar fugindo dos temas pesados -como a violência-, o que explicaria o fracasso de um filme como "Quem Matou Pixote?", de José Joffily, que não chegou aos 50 mil espectadores apesar de premiado em Gramado e lançado em 57 cinemas.
Também "Tieta" decepcionou: lançado em mais de cem salas, com alarde na mídia, tinha como meta os 2 milhões de espectadores. Ficou com menos de um terço disso -o que coloca em xeque a fórmula da grande produção que visa atingir "todos os públicos".
Em contrapartida, houve um salutar aparecimento de novos realizadores, com propostas ousadas e originais. Destacaram-se os pernambucanos Lirio Ferreira e Paulo Caldas, que venceram o Festival de Brasília com seu "Baile Perfumado", e a paulista Tata Amaral, com o radical "Um Céu de Estrelas".
E isso é só o começo. Só no primeiro semestre de 97 deverão ser lançadas pelo menos outras seis obras de estreantes: "Pequeno Dicionário Amoroso", "Alô?" (de Mara Mourão), "Os Matadores" (de Beto Brant), "Crede-Mi" (de Bia Lessa), "Buena Sorte" (de Tania Lamarca) e "Reunião dos Demônios" (de Cecílio Neto).

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