São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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Maluf e Maia param obras depois de eleger sucessores

Média dos atrasos em São Paulo e Rio chega a seis meses

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois grandes vencedores da eleição municipal deste ano -os prefeitos de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), e do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL)- elegeram seus sucessores com base em realizações administrativas, mas, menos de dois meses depois, paralisaram suas principais obras.
Em São Paulo, o piscinão da avenida Água Espraiada, os dois viadutos que passam sobre ela -o da avenida Washington Luiz e o da avenida Santo Amaro- e o Cebolinha na região da rua Sena Madureira agora têm prazo médio de entrega de seis meses.
Há ainda obras menores, como a reforma do terminal de ônibus Princesa Isabel e a alça de ligação entre a avenida 4º Centenário e a avenida Pedro Álvares Cabral, que também foram interrompidas e devem ser inauguradas em breve, segundo estimativas da prefeitura.
Maior obra da administração de Cesar Maia, a Linha Amarela será entregue com pelo menos seis meses de atraso. A prefeitura carioca calcula que 1% de suas obras serão entregues fora dos prazos originais (leia texto nesta página).
São Paulo
Um dos melhores exemplos da desaceleração do governo Paulo Maluf (PPB) é o piscinão da avenida Água Espraiada (zona sul).
Em aproximadamente três meses, a Folha constatou uma redução de 10% no número de operários envolvidos com a obra.
Destaque entre as medidas malufistas no combate às enchentes, o piscinão -com entrega prometida para outubro deste ano- só será terminado em junho, conforme previsões otimistas da Secretaria de Vias Públicas.
Maluf fez da imagem de realizador sua principal fonte de propaganda. Foram várias as ocasiões em que o prefeito e Pitta participaram juntos de inaugurações de trechos de avenidas e de entregas de apartamentos do projeto Cingapura durante o período eleitoral.
Em muitos casos, como na entrega da avenida Jacu-Pêssego e do último trecho da avenida Faria Lima, as solenidades foram acompanhadas de festas e shows.
Marco
O ponto alto das inaugurações ocorreu em setembro -um mês antes do primeiro turno das eleições-, com a entrega de praticamente uma obra por dia.
Segundo a Folha apurou, em alguns casos, Maluf solicitou a aceleração dos trabalhos para que as obras pudessem ser entregues a tempo de renderem frutos eleitorais.
Um funcionário da construtora CBPO -uma das empresas encarregadas da construção do túnel Ayrton Senna- afirmou que, durante uma época, o trabalho no local foi executado também à noite. Segundo ele, a obra chegou a empregar 450 operários.
Uma noite antes da inauguração do segundo túnel Ayrton Senna, por exemplo, ainda havia trabalhadores na área.
Um dos indicadores da diminuição no ritmo das obras da prefeitura é a queda no nível de emprego em obras públicas.
Dados divulgados pela Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) mostram que novembro apresenta a pior taxa de nível de emprego no setor desde junho deste ano.
Os números indicam a situação em todo o Estado de São Paulo, mas, segundo a Apeop, a prefeitura da capital tem uma grande influência sobre esses valores.
Dívidas
Outra pesquisa da Apeop, realizada com um terço de suas associadas, aponta a prefeitura paulistana como a terceira maior devedora ao setor entre os órgãos públicos.
O maior devedor é o Estado de São Paulo, com 62% das empresas pesquisadas com pagamentos em atraso. Logo depois, com 21%, aparecem as prefeituras do interior paulista.

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