São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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Fatos marcantes

SÍLVIO LANCELLOTTI

O Caso Bosman e o seu efeito imediato sem dúvida foram os fatos mais marcantes do futebol no mundo em 1996. Aliás, provavelmente serão os fatos da década inteira, quando se aproximar o ano 2000.
Para quem não se recorda, eu faço um rápido repasse. Doze meses atrás, um tribunal da Europa considerou que o atacante belga Marc Bosman tinha o legítimo direito de escolher o time de sua predileção -e que o seu clube anterior não poderia impedir a sua livre transferência. Acabou-se a regra do passe no continente, esfumaram-se as fronteiras esportivas na Europa.
O efeito da sentença, claro, fulminou o poder quase ilimitado das equipes sobre o futuro dos seus atletas.
Paralelamente, porém, a sentença detonou um processo descontrolado, de fato amalucado, de trocas e de negociações.
Exemplo precioso: aquele do Barcelona da Espanha.
Time bilionário, graças aos seus 100 mil sócios, ao seu banco particular e aos direitos de TV em torno de US$ 30 milhões que logo arrecadou, o Barça desandou a arrebanhar estrangeiros a custos absurdos, perto de US$ 60 milhões.
Um inglês, Bobby Robson, assumiu o cargo de treinador. Para reforçar o seu elenco, o Barça capturou dois brasileiros (Giovanni e Ronaldinho), três portugueses (Vítor Baía, Fernando Couto e Figo), um búlgaro (Stoichkov), um romeno (Popescu), um nigeriano (Amunike) e um croata (Prosinecki).
No princípio, o Barça pareceu irresistível. Logo, todavia, começaram a fermentar as vaidades das suas estrelas.
Ronaldinho chegou a exigir que o Barça contratasse também a sua namorada Suzana Werner, craque do Fluminense. US$ 20 mil ao mês.
Hoje, Ronaldinho já critica publicamente os esquemas de Bobby Robson. O Barça se esboroa e pode rapidamente se transformar no maior falimento de toda a história do futebol.

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