São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeito aponta fraude em cobrança de IPTU

FÁBIO ZANINI; SILVIA DE MOURA
DA AGÊNCIA FOLHA

Quatro pessoas foram presas esta semana em Guarapari (60 km de Vitória-ES), acusadas de participar de um esquema de fraude na cobrança do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) na cidade.
José Brusque, funcionário da prefeitura acusado de participar da fraude, está foragido desde terça-feira passada.
O Departamento de Polícia Judiciária abriu inquérito para apurar as denúncias.
O prefeito Gilberto Corradi (PDT), 45, disse que a fraude teria sido feita pelas imobiliárias Prisma e Israel, com a participação de funcionários da Secretaria da Fazenda.
"Guarapari é uma estância turística. A maioria dos donos de imóveis não mora na cidade e contrata imobiliárias para fazer a quitação dos impostos", disse Corradi.
Segundo as denúncias, os donos das imobiliárias falsificavam, com uma máquina, as autenticações que deveriam ser feitas pelos bancos no recibo do carnê.
"O contribuinte pagava à imobiliária e recebia o carnê falso que 'comprovava' a quitação, mas o dinheiro não chegava à prefeitura", afirmou.
Segundo o prefeito, a descoberta foi feita cruzando dados dos carnês lançados no computador da prefeitura por um funcionário que participaria do esquema com o dinheiro que efetivamente entrava em caixa.
O delegado de Crimes Contra o Patrimônio de Guarapari, Joel Lírio Júnior, 32, disse que os acusados irão responder por três crimes: estelionato, falsificação de documento público e formação de quadrilha.
"Todos já confessaram sua participação na fraude, embora um empurre a culpa para o outro", afirmou Lírio Júnior.
O advogado Homero Mafra, que defende Otávio Senna (da corretora Israel) e Sandro dos Santos (acusado de comprar a máquina autenticadora falsa), disse que seus clientes admitiram a participação na fraude. Eles estão presos.
"Estou estudando a melhor forma de defendê-los. Tenho denúncias que a descoberta teria sido feita por meio de escuta telefônica, o que pode ser ilegal."
Até as 17h de ontem, Agência Folha não conseguiu falar com o advogado Cristóvam Ramos Pinto Neto. Ele cuida da causa de Ronaldo Navarro (da imobiliária Prisma) e José Lima (da Israel), também presos.

Texto Anterior: Garganta profunda 2; Troca-troca; Boca no trombone
Próximo Texto: Polícia encontra no CE cemitério clandestino
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.