São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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Japão cobra condições para investir no Brasil

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso só ouvirá coisas agradáveis durante sua estada no Japão, em março. Mas os anfitriões já mandam sinais sobre as condições necessários ao aumento dos investimentos no Brasil.
Um desses recados foi transmitido ao presidente da Comissão Parlamentar do Mercosul, deputado Paulo Bornhausen (PFL-SC), que voltou de Tóquio no último sábado. "O Japão vai cobrar muito a necessidade de o Brasil ter poupança interna", relata.
Os futuros anfitriões de FHC disseram ao deputado que os investimentos externos são apenas um complemento "e não o sustentáculo do crescimento interno da economia". O deputado pediu uma audiência com FHC para transmitir ao presidente suas impressões sobre a viagem.
Bornhausen viajou a convite do governo japonês e ouviu a reivindicação de interlocutores do governo japonês e do Keindaren (associação empresarial japonesa).
"Eles não dirão a mesma coisa para o presidente, porque são muito cavalheiros com os hóspedes e consideram dizer isso algo rude", prevê o consultor de empresas japonesas Paulo Yokota.
Ex-comissário do governo brasileiro no Japão, Yokota afirma que, apesar das mesuras, os japoneses esperam contrapartidas. "FHC vai precisar ler nas entrelinhas das gentilezas".
Uma delas deverá ser o anúncio, durante a viagem presidencial, da construção da nova fábrica de carros da Toyota no Estado de São Paulo, prevê Bornhausen.
"Eles querem recuperar terreno. Consideram os 80 a década perdida na relação Brasil-Japão", diz o deputado. Cerca de US$ 1 bilhão de investimentos devem ser anunciados durante a viagem de FHC.
Esse número poderia ser muito maior, afirma Yokota. O Brasil nem entra na lista dos dez maiores alvos de investimentos diretos japoneses, liderada pela China.
"A performance dos investimentos japoneses na China é inferior à dos feitos no Brasil", diz Yokota. Segundo ele, o Japão vê o Brasil como porta de entrada da Ásia na América Latina.
Devido à privatização, os japoneses estão mudando seus alvos no Brasil para o setor privado, em especial veículos e comunicações.

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