São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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Técnica deu acesso ao delírio

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Picasso e Dali não teriam produzido da mesma maneira seus touros se o tema não tivesse sido abordado por Goya.
As 33 gravuras da série "A Tauromaquia", com a primeira tiragem datada de 1816, são uma das maneiras de se captar a modernidade do artista.
Ele não reproduzia cenas à maneira pela qual a fotografia as captaria cinco décadas depois. Ele as retrabalhava, de forma a diluir o supérfluo e a multiplicar com detalhes os planos sobre os quais desejava chamar a atenção.
Cinco gravuras desta série foram expostas há três anos pelo Masp, em São Paulo.
Duas outras séries conhecidas são "Desastres da Guerra" (1810-1820), com 83 pranchas, e "Os Caprichos".
Goya exercita uma linguagem que radicaliza a caricatura e a coloca num patamar de crueldade que a imprensa no século 19 popularizou.
A gravura também constitui uma espécie de manifesto sobre o direito da arte ao delírio, à fantasia como rejeição de um real pré-fabricado.
(JBN)

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