São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996 |
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Rombo da União é de R$ 2 bi em janeiro
ALEX RIBEIRO; CARI RODRIGUES
Em 1995, as contas do governo federal fecharam com um rombo de R$ 4,08 bilhões. "O déficit é dessa ordem (R$ 2 bilhões). Talvez maior que isso", disse ontem à Folha o secretário do Tesouro, Murilo Portugal. Segundo ele, o estouro nas contas do governo "foi ocasionado por gastos sazonais" -despesas que ocorrem somente em janeiro e não se repetem no resto do ano. "Existe pressão da folha de pagamento porque nesta época os funcionários públicos tiram férias. Eles têm direito a um adicional de um terço dos vencimentos e à antecipação do 13º salário", disse. Se por um lado saiu mais dinheiro do caixa do governo, por outro a entrada diminuiu. O secretário não quis comentar o desempenho da arrecadação de janeiro, mas confirma a queda. "A arrecadação caiu", disse. Segundo ele, os gastos de pessoal, que vinham se mantendo na casa dos R$ 2,9 bilhões por mês, ficaram bem maiores. "Não temos os números fechados ainda. Mas os gastos cresceram significativamente." Além do pagamento de pessoal, os juros da dívida interna também determinaram o resultado negativo. Portugal afirmou que o governo teve de pagar em janeiro os juros das LFTs (Letras Financeiras do Tesouro). Os juros desses títulos se acumulam mês a mês e são pagos apenas no resgate. Segundo o secretário, "em janeiro, tivemos o vencimento de muitos desses títulos e isso pressionou os gastos com juros da dívida interna". Para atenuar o déficit, o Tesouro cortou parte dos repasses aos ministérios. "O repasse foi reduzido. Mas não foi suficiente." Na opinião do secretário, a margem de compressão dos gastos dos ministérios é pequena. "A média mensal dessa despesa é da ordem de R$ 1,1 bilhão. Mesmo que cortássemos tudo, não seria suficiente para cobrir um déficit da ordem de R$ 2 bilhões". Portugal lembrou que em fevereiro de 1995 também se registrou o maior déficit mensal das contas do governo. "Naquele mês, o déficit foi de R$ 1,7 bilhão -ou R$ 1,9 bilhão, em valores corrigidos até dezembro." No ano passado, os principais itens de pressão foram pagamento de pessoal (crescimento de 16%), juros da dívida interna (crescimento de 19%) e da dívida externa (crescimento de 41%). A queda da arrecadação inverte uma tendência que vinha se firmando no ano passado. A Receita Federal comemorou sucessivos recordes na arrecadação e fechou o ano com 7,7% mais dinheiro em caixa que 1994. Texto Anterior: Raytheon usa nota como propaganda Próximo Texto: Relator estuda derrubar limite de participação de estrangeiros Índice |
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