São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Museu expõe Matisse de acervo brasileiro

JAIR RATTNER
DE LISBOA

Gravuras do francês Henri Matisse (1869-1954) que pertencem a um museu brasileiro estão sendo expostas em Portugal. Até 5 de maio, o Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, de Lisboa, apresenta a exposição "Jazz", com obras dos Museus Castro Maya, do Rio.
"Jazz" é um livro com 23 pranchas criado por Matisse em 1947. A partir de colagens originais, a editora francesa Teriade, especializada em livros de arte, fez moldes em metal e reproduziu os originais com a mesma tinta guache usada por Matisse, garantindo a manutenção da cor, segundo uma técnica chamada "pouchoir".
No total, existem apenas 270 exemplares do livro, muitos deles em mau estado de conservação.
"O livro foi lançado em Paris em junho de 1947 e no Brasil em dezembro do mesmo ano", conta a brasileira Ivone Feldman, diretora adjunta do museu português. Além das 23 gravuras, a exposição inclui o cartaz que anuncia o lançamento do livro no Rio, criado pelo próprio Matisse.
A exposição faz parte do ciclo Amigos de Arpad e Vieira, com obras de artistas que influenciaram Vieira da Silva, a maior pintora portuguesa deste século. O primeiro contato entre Vieira da Silva e Matisse foi em 1937, quando ela foi convidada para transformar um quadro de Matisse em tapeçaria.
As gravuras de "Jazz" são do último período do artista. "É uma das mais importantes de suas obras, em que ele consegue uma grande simplificação e pureza de cor", diz José Sommer Ribeiro, diretor do Museu Vieira da Silva.
Sommer Ribeiro diz que o livro tem muito pouco de jazz: "O nome foi posto pelo editor, mas para Matisse as gravuras tinham mais a ver com o circo."
A última vez que "Jazz" esteve exposto no Brasil foi em 1992. "O papel e a tinta perdem a cor original muito facilmente", diz Carlos Martins, ex-diretor dos Museus Castro Maya. Foi Martins quem trouxe as gravuras na mão, vindo de avião. "O valor cobrado para a embalagem no Brasil é o quíntuplo do preço no exterior. Nós só tiramos a moldura e eu vim com elas", afirma.

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