São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Carro-bomba deixa 17 mortos na Argélia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Argel, capital da Argélia (norte da África), sofreu ontem dois atentados com carros-bomba.
O primeiro ocorreu às 9h15 (5h15 em Brasília), no pátio do prédio da prefeitura do populoso bairro de Bab el Ued, mas não causou mortes. Do total de 41 feridos, seis estão em estado grave.
O segundo carro-bomba explodiu às 15h15 em Belcourt, um bairro populoso próximo ao centro da cidade. A explosão matou 17 pessoas e causou ferimentos em outras 52, segundo informações oficiais.
Este atentado ocorreu na entrada do diário "Le Soir d'Algérie", no prédio da Casa de Imprensa, onde estão instalados os principais jornais independentes do país.
Um caricaturista e um jornalista do diário "Le Soir d'Algérie" morreram na explosão, que destruiu as instalações do jornal. Ainda não se sabe o total de jornalistas mortos na explosão.
No sábado, militantes mataram a tiros o diretor do "Révolution et Travail", jornal da União Geral dos Trabalhadores Argelinos.
Desde maio de 1993, mais de 60 jornalistas e funcionários de jornais foram mortos por grupos fundamentalistas islâmicos. Os grupos armados acusam os jornais de colaborar com o poder argelino.
Nenhum grupo reivindicou os atentados, mas as autoridades suspeitam que os responsáveis sejam militantes da Frente Islâmica de Salvação. O grupo tenta derrubar o governo militar argelino para substituí-lo por um sistema de rígida orientação islâmica.
O chefe do governo argelino, Ahmed Ouyahia, denunciou ontem que o que está ocorrendo é uma "barbárie totalmente alheia à sociedade".
Grupos fundamentalistas intensificaram as ações terroristas desde o início do Ramadã (período sagrado em que os adeptos da religião muçulmana ficam em jejum do nascer ao pôr-do-sol).
Com as duas explosões de ontem subiu para quatro o número de atentados a bomba na Argélia no período de uma semana. As duas primeiras bombas mataram 11 pessoas e feriram outras 52.
Os ataques terroristas no país começaram em janeiro de 1992, quando o governo cancelou o segundo turno das eleições legislativas, lideradas pela Frente Islâmica de Salvação. Desde então, cerca de 50 mil pessoas morreram na guerra civil do país.
Os ataques seguiram a decisão do governo de submeter a censura prévia toda notícia referente à violência no país.

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