São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Santilli diz que não vai ceder à 'bagunça'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Santilli, afirmou ontem que não sai do cargo e nem vai ceder às pressões feitas na "bagunça" por líderes indígenas.
Ele fez a advertência durante reunião com 40 chefes xavantes, quando criticou o protesto feito anteontem por 12 líderes que o mantiveram como refém na garagem do órgão.
Armados de arco, flecha e bordunas (cacetes), os líderes xavantes protestavam contra a falta de dinheiro para assistência médica nas aldeias.
"O protesto foi uma situação de bagunça, de violência, que prejudica a imagem dos índios, dos xavantes e da Funai", disse ele.
Após criticar o protesto, o presidente da Funai disse que, desde sua posse, em setembro de 1995, os recursos mensais das administrações que atendem as aldeias xavantes aumentaram quase quatro vezes -de R$ 87 mil para R$ 318,7 mil.
Em parte, ele atribuiu o aumento de recursos à suspensão de uma das supostas "regalias" dos chefes indígenas -o pagamento de ajuda de custo, que antes era liberado aos líderes, para que se deslocassem para Brasília.
Segundo a Funai, a suspensão da ajuda de custo aos chefes indígenas provocou uma economia de cerca de R$ 100 mil.
Os líderes indígenas afirmaram que não recebem ajuda de custo para as suas viagens.
Santilli disse que os chefes precisam definir projetos a suas aldeias para receber recursos de apoio a atividades econômicas.
Bird
Segundo os xavantes, os índios estão morrendo sem atendimento por falta de enfermeiros, médicos e hospital nas administrações regionais da Funai.
Ao afirmar que outros grupos indígenas ficaram indignados com o protesto dos xavantes, Santilli provocou a irritação do líder indígena Segundo Utse e do ex-deputado federal Mário Juruna (PDT-RJ), que nasceu em aldeia xavante.
"Os índios estão acabados, abandonados, porque você e o presidente Fernando Henrique Cardoso querem acabar com os índios", disse Juruna.
O chefe xavante Arnaldo Tsererowe, um dos organizadores do protesto, disse que vai aguardar a melhoria da assistência médica nas aldeias. Se isso não acontecer, ele prevê novo protesto violento contra o presidente da Funai.

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