São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Oposição fracassa ao tentar adiar a votação do Sivam

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aliados do governo no Senado derrubaram a estratégia montada pelos opositores do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) para tentar adiar a decisão sobre o futuro do projeto.
Às 19h30 de ontem, a sessão de votação da supercomissão que investiga o sistema de radares ainda não havia terminado, mas a tendência era a de aprovar o projeto.
A decisão da supercomissão deverá ir ao plenário do Senado Federal em março.
No início da sessão, os senadores Lauro Campos (PT-DF), Roberto Requião (PMDB-PR) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) entraram com requerimento que pedia o adiamento da votação.
Convocação de Itamar
Estes senadores desejavam que a supercomissão ouvisse o ex-presidente Itamar Franco e examinasse atas secretas do Conselho de Defesa Nacional.
O presidente da supercomissão, senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), deixou para o plenário -formado por maioria de aliados do Palácio do Planalto- decidir sobre o pedido de convocação de Itamar. Foi rejeitado.
A Folha apurou que, ao contrário do que afirmou o ex-presidente, não há "dados reveladores" nas atas secretas da sessão do Conselho de Defesa Nacional que autorizou em 1994 a dispensa de licitação para o projeto.
Os opositores ao Sivam também tentaram criar um impedimento à votação responsabilizando o governo pelas investigações em curso na Receita Federal contra o senador Gilberto Miranda (PMDB-AM).
A cada senador que discursava sobre a suposta pressão por intermédio da Receita, aliados do governo defendiam o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não houve participação do presidente", afirmou o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES). O discurso de Alvares foi seguido pelo líder do PMDB, Jáder Barbalho (PA).
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou a forma como os trabalhos da supercomissão foram conduzidos pelo senador Antônio Carlos Magalhães.
ACM acabou dando um tempo menor a Simon para que ele fizesse seu discurso com críticas ao projeto militar.
"Não tenho remorso sobre o Sivam porque não participei dele", disse o presidente da supercomissão. As discussões duraram três horas e meia.
Às 14h30, a sessão foi interrompida, sendo retomada às 18h15 para a votação.
O governo não conseguiu obter o apoio público de senadores ao projeto, apesar de ter virtual maioria no plenário da supercomissão.
Durante todo o período em que se travaram as discussões, somente dois senadores defenderam o projeto: o líder do governo, Elcio Alvares, e o senador Geraldo Melo (PSDB-RN).
Outros parlamentares afirmaram que votariam em favor do governo, mas sem defender o projeto.
Mesmo em minoria, os opositores ao projeto dominaram a sessão. Pelo menos 15 senadores se revezaram em discursos com críticas ao projeto de sistema de radares para a Amazônia.
Terminadas as discussões, ACM iniciou, às 18h15, os trabalhos para votação do parecer do relator da supercomissão, Ramez Tebet (PMDB-MS), favorável ao governo federal.

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