São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996 |
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A banana
NELSON DE SÁ
Assustam, chocam, se não forem feitas por alguém como, sei lá, o Chacrinha, ou Gil Gomes. Mas ontem era Boris Casoy. O âncora vinha de uma cobertura que, pouco antes, mostrou o senador Eduardo Suplicy com a voz embargada, em descontrole, as emoções confusas, por conta do projeto Sivam. Mas Boris Casoy, ele sim, descontrolou-se -ou encenou, bem, o descontrole. Não sem razão, já que a decisão dos parlamentares de manter os imorais privilégios previdenciários, de manter o IPC, enquanto arrocham "os demais brasileiros", foi de fato "insuportável". No comentário, irritado, o âncora alongou-se. Perto do final, diante de uma ira que talvez não pudesse satisfazer com mais um bordão, ele começou com um dedo em riste. Depois com as duas mãos erguidas, dedos em riste, ameaçando, "para todos os privilégios, pros privilégios dos deputados e senadores..." Invadindo a moldura da tela, um braço cruza o outro e ele diz... - Ó! Uma banana. Caos e tragédia "Caos" e "tragédia", segundo a Globo. "Caos" e "tragédia", segundo o SBT. Nestas horas, o vocabulário gasto não espelha a angústia com imagens e informações seguidas, em que se repete, de meia em meia hora, "o número de mortos chega a..." No Rio e no litoral norte, foram crescendo sem parar durante o dia todo, "já chega a nove", "pelo menos dez", "já chega a 12", "18". Mas o pior eram os registros breves, complementares, "duas irmãs, uma de quatro e outra de um ano", "uma menina foi levada pela correnteza", "seis crianças morreram soterradas". Primeiro Mundo O presidente mandou novos soldados para Angola. A justificação confusa de um deles, na Manchete, mostra que o ideal de um Brasil grande, de Fernando Henrique, pegou: - Isso nos traz grande benefício, porque assim a gente está nivelando a nossa tropa a um país de Primeiro Mundo. Texto Anterior: Santos quer dobrar capacidade até 2000 Próximo Texto: Ecstasy pode danificar órgãos, diz pesquisa Índice |
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