São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Policiamento em morro não coibe tráfico

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O reforço de policiamento no morro Dona Marta (Botafogo, zona sul do Rio) não resultou na desativação dos pontos-de-venda de cocaína e maconha da favela.
A principal boca-de-fumo do morro, na localidade chamada de Beirute, estava tomada ontem à tarde por olheiros e "soldados" do tráfico de drogas. Um deles portava uma metralhadora.
A PM (Polícia Militar) se limitava, nesse horário, a policiar os acessos à favela. Os policiais de plantão no CPC (Centro de Policiamento Comunitário) permaneciam sentados, conversando.
A ação do Bope fracassou. Nenhum traficante foi preso. Não houve apreensões.
Na noite de anteontem, o BPChoque (Batalhão de Choque) da PM esteve no morro. O presidente da Associação de Moradores do Dona Marta, José Luiz de Oliveira, foi revistado pelos PMs.
A presença do Bope e do BPChoque -tropas de elite da PM- no Dona Marta se deve à presença do tráfico na favela antes da gravação do clipe do cantor Michael Jackson, domingo passado.
A entrevista dada a jornais do Rio por Márcio Amado de Oliveira, o Marcinho VP, chefe do tráfico local, fez com que a PM intensificasse o policiamento.
À tarde, estava prevista uma nova incursão dos homens do Bope. Até as 17h, o morro continuava sem policiais.
Durante a ação do Bope, os traficantes se recolheram aos barracos. A ordem dada por Marcinho VP é para seus comandados evitarem confrontos com policiais.
Em comparação a outras favelas cariocas, o Dona Marta pode ser considerado um local de paz entre criminosos e policiais.
Desde que a PM se instalou na favela, em 28 de outubro do ano passado, não há tiroteios contra os traficantes.
Os policiais do CPC, lotados no 2º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em Botafogo, já são conhecidos dos moradores e evitam desentendimentos.
Os horários de patrulhamento e as rotas dos policiais são do conhecimento dos traficantes, que saem das vielas e becos a fim de evitar confusão.

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