São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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'Foi rápido como acender a luz'

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Dois deslizamentos seguidos, no alto do morro do Vidigal (zona sul), causaram a morte de seis crianças e ferimentos em 22 pessoas. Uma mulher era dada como morta. Seu corpo não havia sido encontrado até a noite de ontem.
Seis casas desabaram totalmente e duas, parcialmente. Durante o dia, moradores assistiam, ainda chocados com a tragédia, a tentativa de bombeiros de localizar o corpo de Sônia dos Santos.
Uma parte do alto do morro do Vidigal desabou por volta das 8h. Alguns moradores correram para ajudar os primeiros feridos. Em menos de cinco minutos, houve novo desabamento, ferindo alguns dos que tentavam ajudar.
Conceição Fernandes Custódio, 36, levou um susto quando sua irmã, Maria Evangelista Fernandes, 38, apareceu em seu barraco tonta, suja de lama. Sua casa desabara.
Ela foi levada por moradores para o Hospital Miguel Couto, na zona sul, onde foi medicada. Os dois filhos de Maria -Walace, 11, e Isaías, 8- foram encontrados mortos nos escombros.
O morador José Alves, 22, escutou o barulho dos dois deslizamentos e correu para ajudar. Encontrou a vizinha Irene enterrada na lama, com as pernas para fora. Ela foi levada para o hospital.
Daniel Correia de Oliveira, 25, que teve ferimentos leves pelo corpo, disse que estava vendo TV, deitado no chão de sua casa, quando foi jogado para fora, pela janela. "Foi rápido como acender a luz", disse. Seu filho João Pedro, 2, ficou no Miguel Couto. Como ele, três outras crianças do Vidigal continuavam internadas.
O vigia Severino Cunha, 41, sua mulher, Maria da Conceição, e a filha Andréa escaparam por pouco. Uma pedra entrou pela janela de seu barraco, quebrando a televisão da família.

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