São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Ausências e cansaço ameaçam chuva de gols

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Quem espera uma tempestade de gols, hoje, em Rio Preto, para onde a ausência de um estádio decente na cidade grande exilou Palmeiras e São Paulo, pode se decepcionar. Ou não.
Embora os times venham deixando adversários massacrados por fuzilarias implacáveis (cada um anda com média de quatro gols por jogo), do Morumbi partem sinais de que este é o caso de se levantar trincheiras ao invés de atacar.
Aliás, assim foi contra o Santos, quando Gilmar foi escalado para atuar como terceiro zagueiro de área, ou líbero, como queiram, no lugar de um armador.
Hoje, além do perigo que representa o ataque palmeirense, a ausência forçada de Edmílson sugere a repetição da estratégia, ainda que Muricy possa surpreender com Denílson ou Mona. Mas não creio.
Por outro lado, Luxemburgo não poderá contar com Elivélton, que tem sido sua arma mais letal, pela versatilidade. Suspenso, Elivélton não pode nem substituir Júnior, fora de jogo, muito menos Rivaldo, em recuperação.
Além disso, há o fato de que o segredo do vertiginoso futebol ofensivo das equipes está exatamente na velocidade com que se movem jogadores e bola.
Ora, o tricolor cumpre hoje sua sexta partida em 11 dias, apenas dois dias depois de ter se sagrado campeão da Supercopa da Conmebol, massacrando o Galo em Cuiabá. O surpreendente é que seus jogadores terminaram aquele jogo disparando piques de 20/30 metros como se estivessem em pleno descanso. Resta saber qual é o limite.
Se não for atingido nesta noite, então, apague tudo que leu até aqui. E espere por mais uma chuva de gols.
*
Bem, bem, agora a situação do Corinthians começa a se complicar.
É improvável que Edmundo não venha a ser punido com menos de quatro jogos de suspensão, pelo murro que desferiu no zagueiro Sandro, no clássico de domingo, contra o Santos. Afinal, a câmera da Gazeta colheu com detalhes o lance, que havia sido flagrado pelo bandeirinha.
Não é a primeira vez, e, pelo jeito, não será a última. Reincidente por, pelo menos, duas vezes: o soco em André, naquele São Paulo e Palmeiras, e contra o argentino na Libertadores.
Isso tudo está na folha corrida do jogador, que o acompanha e acompanhará para onde for. Não há defesa que resista dois minutos. São, na verdade, os murros que Edmundo desfere em si e que o levarão, mais cedo ou mais tarde, a nocaute.
O que mais me impressionou no último episódio, porém, foi a aparente frieza com que Edmundo socou Sandro.
E, no ato, a mesma mão que agride desfaz-se do punho cerrado para espalmar-se em direção ao bandeirinha; o dedo, no gesto quase infantil, dizendo não.
Surpreendente, sobretudo, para Sandro, que, na noite de domingo, me dizia que, pelo tom da conversa entre eles e a expressão calma do rosto de Edmundo, jamais esperaria tal reação do corintiano.
É um caso para dr. Freud, meu caro Watson.

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