São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um só não basta

THALES DE MENEZES
E O BRASIL CHEGOU LÁ.

O exército de um homem só do tênis chileno não foi bastante para superar a equipe brasileira. Com a vitória de 3 a 2 em Santiago, o Brasil segue na luta para voltar à elite da Copa Davis.
A supremacia do nº 1 chileno, Marcelo Ríos, sobre todos os outros tenistas envolvidos no confronto foi comprovada com a facilidade mostrada pelo garoto em seus dois jogos de simples.
Ríos passou como um trator sobre Jaime Oncins e Fernando Meligeni, sem perder um único set. No entanto, foi "sabotado" pelo inexperiente parceiro de duplas.
Sergio Cortés provou que não tem condições de jogar um confronto do nível da Davis.
Não conseguiu vencer um único set contra os brasileiros nas simples e atuou de forma constrangedora na partida de duplas.
Agora, o Brasil enfrenta a Venezuela em abril. Apesar da boa vitória sobre o Canadá, a equipe venezuelana não é uma grande ameaça à campanha brasileira.
No Grupo Mundial, os atuais campeões não tiveram problemas para vencer o México.
Mesmo sem Pete Sampras e Andre Agassi, os EUA marcaram 5 a 0. Michael Chang e Todd Martin deram para o gasto.
Vice-campeões das duas últimas edições da Davis, os russos deram adeus ao título logo na primeira rodada, surpreendentemente derrotados pelos italianos.
Mas a grande surpresa foi a facilidade encontrada pelos alemães diante da forte equipe da Suíça.
Com as principais estrelas contundidas, Boris Becker e Michael Stich (este só jogou duplas), os reservas alemães marcaram 5 a 0 nos suíços, que não viram a bola.
França e Suécia, outras equipes de tradição na disputa da Davis, também passaram à segunda rodada do grupo de elite.
Os franceses superaram a Dinamarca e a equipe sueca derrotou os belgas, em resultados mais do que previstos.
A Suécia tem uma motivação a mais neste ano: é a última Davis a ser disputada pelo grande ídolo Stefan Edberg, que já anunciou sua aposentadoria.
Esses resultados evidenciam as posições de EUA e Alemanha como favoritos ao título da temporada. A Suécia corre por fora, mas terá que contar com alguma sorte.
Quanto ao Brasil, resta torcer para que a equipe consiga voltar ao Grupo Mundial. Qualquer resultado ajuda na recuperação do tênis brasileiro, desacreditado até no âmbito sul-americano.

Notas
A Federação Internacional de Tênis começa a pensar na Copa Davis do próximo século. Entre as mudanças que estão sendo estudadas para a disputa do troféu, a mais radical é a que obrigaria as equipes a inscreverem pelos menos um jogador juvenil. Um dos quatro jogos do confronto seria entre os garotos de cada equipe. Esse é o tipo da idéia maluca que não deve passar na FIT.
*
Uma modificação com muito mais chances de ser adotada é a diminuição para melhor de três sets nas partidas de simples, deixando apenas o jogo de duplas como melhor de cinco sets. Dá para apostar nessa mudança, já que os jogos em melhor de cinco parecem ter os dias contados nos poucos torneios que ainda adotam essa modalidade.
*
A grande radicalização, que seria fazer a disputa do Grupo Mundial em um único país, durante uma semana (nos moldes da Federation Cup, a versão feminina da Davis), já foi descartada pela FIT. Várias federações nacionais se manifestaram contra a medida, já que a Davis gera bons lucros com as disputas locais. Só no Brasil que esse tipo de evento não consegue dar dinheiro. Falta de habilidade de seus promotores.

Texto Anterior: Ausências e cansaço ameaçam chuva de gols
Próximo Texto: 'Overdose' de jogos preocupa são-paulinos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.