São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Megadéficit

O anúncio de que o déficit federal foi de R$ 2,8 bilhões em janeiro, ultrapassando em muito até a previsão já preocupante de um déficit de R$ 2 bilhões, é uma amostra do profundo desequilíbrio em que ainda se encontram as contas públicas.
Os gastos que mais aumentaram foram os financeiros, denunciando mais uma vez o efeito deletério das altíssimas taxas de juros.
Do ponto de vista das receitas, o governo está colhendo o que plantou. Era sabido que as duras medidas de contenção da atividade econômica terminariam por afetar a arrecadação. Esse efeito é tão mais acentuado quanto mais intensa for a freada no ritmo de crescimento. A arrecadação federal caiu em comparação a janeiro de 95. Ela foi de R$ 5,9 bilhões no mês passado e de R$ 6,3 bilhões há um ano.
As despesas cresceram ainda mais do que os índices de preços ao consumidor. Passaram de R$ 6 bilhões em janeiro de 95 para R$ 9,4 bilhões no primeiro mês de 96.
Desde o ano passado, o enorme desequilíbrio nas contas do Tesouro tem resultado no rápido crescimento da dívida pública. Nos Estados e municípios a situação tem sido ainda pior. Há um limite, evidentemente, de quanto e até quando será possível financiar esse desequilíbrio. A reforma do Estado mostra-se não só cada vez mais necessária, como urgente.

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