São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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O pouco e o possível

À primeira vista, o esforço despendido até agora na discussão em torno da Previdência parece desproporcional aos resultados. A reforma vai sair, se sair, pífia a ponto de já estar programada nova reforma para daqui a cinco anos.
Mas essa é uma avaliação superficial e imediatista. Qualquer mudança em regras que afetam diretamente o cotidiano das pessoas é sempre penosa e exige um complexo processo de negociação.
A reforma que está para ser votada reflete, na prática, o grau de avanço da sociedade em relação ao tema. É pequeno, sim, mas é importante também. Há o esboço do reconhecimento social de que o Estado não pode tudo, e é preciso, por extensão, encontrar caminhos alternativos para financiar o que ele não pode mais oferecer.
À margem do que se possa pensar, por exemplo, do comportamento pontual do sindicalismo nas negociações, o importante é assinalar que as centrais sindicais já reconhecem que há limites para as benesses saídas dos cofres estatais.
É igualmente importante lembrar que mudanças no mecanismo de aposentadoria dos parlamentares seriam impensáveis há muito pouco tempo, por mais que fossem necessárias e cobradas sistematicamente por esta Folha. Agora, sob pressão da opinião pública, ao menos se pode discutir o tema, ainda que o desfecho seja no mínimo duvidoso.
O avanço é, de fato, pequeno, mas seria suprema ingenuidade acreditar que o processo de convencimento social possa caminhar aos saltos.

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